passeando…

O rio Trancão, conhecido há muitos anos pelo seu alto grau de poluição, é um afluente do Rio Tejo com cerca de 30 quilómetros de extensão que desagua na zona oriental de Lisboa, mais precisamente em Sacavém.

Com a realização da EXPO’98 nessa área da cidade foi iniciada a sua despoluição, o que permitiu que actualmente seja um rio vivo e que as suas margens estejam em processo de requalificação para fruição da população, privilegiando nesses trabalhos técnicas de engenharia natural.

No âmbito desse projecto ficou disponível no final de 2021 um troço com cerca de 4km na região de Bucelas – identificado como Percurso Ribeirinho do Rio Trancão / ValoRio – uma obra realizada pela Câmara Municipal de Loures e que percorremos recentemente. É esse trajecto que hoje partilho apesar de ainda ocorrerem obras aquando desta visita.

Há troços em que o trilho se afasta do rio e passa inclusivamente na estrada, certamente por dificuldades de expropriação de terrenos. Abstraindo esse detalhe menos simpático, é no geral um percurso muito agradável, que percorre diversas zonas agrícolas. Destaque para as hortas e os vinhas, sendo provavelmente estas ultimas da casta arinto, típica da região e que dá origem ao vinho de Bucelas.

Entre o ir e o regressar ao ponto de partida (o percurso é linear), passaram algumas horas preenchidas com um bom respirar, muitas fotos e obviamente imensos detalhes para nos “perdermos”.



Em tons de azul termino, contrariamente ao que sucedeu neste passeio que começou com o céu bem azul e acabou com ele bastante cinzento e ameaçando chuva, circunstância que não passou de um pequeno detalhe num dia muito bem passado no meio da natureza!

Como nós apreciamos!🌼

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entre praias

Se há passeios que me preenchem são os que se desenrolam à beira-mar em tempo de maré vazia.

Adoro aquele transpirar salgado e húmido da areia molhada… as linhas de água que escorrem para o mar esculpindo a área de vazante… as rochas, pedras e conchas… as marcas deixadas na areia pelas aves…mas igualmente o som das ondas ou as ténues neblinas que nos envolvem. E adoro o cheiro que tudo emana e que tem o dom de me transportar para uma infância/juventude bem recheada de momentos semelhantes…mas em que a natureza, nomeadamente a flora e a fauna marinha, era então bem mais efusiva e rica em detalhes. Objectivamente, gosto de tudo o que a baixa-mar nos oferece!

Sempre com o Atlântico no olhar, recentemente realizamos um agradável passeio entre a Praia do Magoito e a da Aguda, ambas localizadas no concelho de Sintra. Este passeio ocorreu no dia do equinócio de Outono, mais precisamente a 22 de Setembro último, sendo uma belíssima forma de dizer adeus ao Verão e de dar as boas-vindas ao Outono.

Partilho hoje algumas imagens mais gerais desse percurso, ficando para outro post que publicarei em breve os pormenores que tanto aprecio.

Percorrido o areal até à praia da Aguda, subimos a grande escadaria que permite chegar ao topo da arriba, sendo o regresso ao ponto de partida realizado num trilho aí existente.

O passeio terminou com a chegada ao ponto de partida. Adoramos o percurso e ficamos com vontade de explorar outras zonas costeiras da região.

Antes de concluir porém, gostaria de partilhar alguns dados sobre a geologia desta área.

Enquanto que a arriba da zona percorrida é essencialmente formada por “uma sucessão de camadas quase horizontais de calcários argilosos e margas”, na praia do Magoito a arriba é uma duna consolidada, ou seja, “uma duna costeira formada pela acumulação de areia por acção conjugada do mar e do vento. Esta duna fóssil corresponde a um estádio do processo de evolução da areia solta para a rocha arenito, processo que dura milhões de anos. A duna consolidada do Magoito foi formada há cerca de 10 mil anos.

A imagem que se segue e última deste post mostra relativamente bem essas características geológicas. Na verdade “podem observar-se laminações oblíquas, que permitem determinar qual a direcção em que sopravam os ventos aquando da formação da duna.»*

Também aqui a natureza nos mostra os seus dotes de escultora!

Boa semana!

 

 
* Informação retirada da Wikipédia 

o trilho

Neste trilho que é a Vida, qual passadiço de muitos momentos e elementos justapostos…

…sobrepostos
…quebrados
…instáveis
…frágeis
…fugidios
…escorregadios
…estabilizados
…seguros
…fluidos
…harmoniosos
…emocionantes
…belos

…nós seguimos. E caminhamos.

Sós.

Sós com as nossas escolhas…

…desvios
…indecisões
…arrependimentos
…certezas
…dúvidas
…tropeções
…feridas
…conquistas
…vitórias
…superações

Há um trilho que, indiscutivelmente, é só nosso.

(Dulce Delgado, Fevereiro 2021)

ria formosa

 

IMG_8998

 

O seu nome é Ria Formosa, mas não é uma verdadeira ria nascida na foz de um rio. Resultou de movimentações arenosas provocadas pelos ventos e marés ao longo do tempo, de que resultou um vasto cordão dunar com seis aberturas para o mar e que abriga no seu interior uma ampla zona lagunar/sapal que é diariamente exposta à dinâmica das marés.

Apesar de ter vivido os primeiros dezassete anos da minha vida no Algarve, pouco conhecia da geografia desta área. Nos últimos anos percorri alguns trilhos dispersos na região, mas sem o espírito de aprofundar as suas características. Agora, depois de alguns dias de férias e de exploração, posso partilhar um pouco do que aprendi, vi e senti.

A Ria Formosa situa-se na metade mais oriental da província localizada mais a sul de Portugal, estende-se por cinco concelhos (Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António), abrange sessenta quilómetros da costa sul e é formada por duas penínsulas nos extremos (Ancão a ocidente e Cacela a oriente), e por cinco ilhas-barreira localizadas entre estas (Barreta ou Deserta, Culatra, Armona, Tavira e Cabanas).

ria                 Imagem retirada de  http://evrest.cvtavira.pt/study-sites/

 

Esta área foi classificada como Parque Natural da Ria Formosa em 1987, com o objectivo de preservar e conservar as suas características e interesse biológico. Nessa altura foi necessário arranjar uma legislação de compromisso e não demasiado restritiva, uma vez que algumas das ilhas são habitadas durante todo o ano. Além disso, no Verão são palco de relevantes fluxos turísticos e a actividade piscatória assim como a cultura de marisco em viveiro são muito importante na economia das populações.

Possui um grande número de habitats, como dunas, areais, salinas, lagoas, sapal, áreas agrícolas, matas, etc., assim como flora e fauna característica, sendo muito procurada pelas aves durante todo o ano e intensamente em tempo de migrações.
Esta última vertente, que muito nos agrada, associada ao facto de possuir vastas zonas de areais e praia, foi mais do que suficiente para nos seduzir a explorá-la nestas férias.

Sendo este primeiro post essencialmente informativo, gostaria de referir que a Sede e o Centro de Interpretação Ambiental do parque se localizam em Marim, perto de Olhão. Ele está integrado num percurso de poucos quilómetros que abrange alguns habitats (mata, lagoas, salinas e sapal) e passa por vários locais de interesse, como observatórios de aves, ruínas romanas, um moinho de maré ou uma antiga barca utilizada na pesca do atum.

Deixo-vos com algumas imagens desse trilho…

 

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…terminando com o olhar frontal (e talvez de saudação!) de um dos imensos exemplares do caranguejo “boca-cava terra” que habitam os sapais da Ria Formosa.

Deixo ainda algumas informações práticas sobre os acessos a cada uma destas ilhas. Assim:

Ilha da Barreta/Deserta – apenas a partir da cidade de Faro

Ilha da Culatra – a partir das cidades de Faro e de Olhão

Ilha da Armona – a partir de Faro e de Olhão para a parte ocidental da ilha, e a partir da vila da Fuseta, para a parte oriental da ilha;

Ilha de Tavira – a partir da cidade de Tavira para a ponta oriental da ilha; da vila de Santa Luzia para a praia da Terra Estreita; da zona de Pedras d’el Rei para a conhecida praia do Barril (através de um pequeno comboio); e da vila da Fuseta para a ponta ocidental da ilha.

Ilha de Cabanas, a partir da vila de Cabanas

São ainda muitos os operadores privados que complementam esta rede oficial de transportes para as ilhas-barreira, seja para deslocações simples ou para a realização de circuitos turísticos.

 

Em breve, voltarei a partilhar convosco outros aspectos deste Parque Natural.

 

 

 

 

passadiços

 

Não me vou debruçar sobre as estruturas construídas na envolvente do rio Paiva e no último ano tão largamente divulgadas por bons e maus motivos, simplesmente porque ainda não as conheço. Passeei por aquela região no verão que antecedeu a sua construção mas não sei quando a ela voltarei, sendo certo que, quando isso suceder, será para os percorrer em toda a sua extensão. Para já, limito-me a ir conhecendo as estruturas desse tipo que estão mais perto de Lisboa.

Os passadiços em madeira sobre zonas ambientalmente sensíveis são uma inovação relativamente recente e advêm não só de uma maior consciencialização para as questões ambientais, mas igualmente como resposta ao pouco cuidado que muitos demonstram ao pisotear zonas frágeis e em risco, caso dos cordões dunares, zonas de costa, sapais, etc.  Por outro lado funcionam também como chamativos turísticos, ou como locais agradáveis para a prática de actividade física ao ar livre e em ambiente natural. associados a estas finalidades, eles vão aparecendo por todo o país, esperando-se que sejam usufruídos por muitos e respeitados por todos.

Na zona de Lisboa e arredores é possível que existam outros que ainda desconheço. Não obstante, fica aqui uma referência a alguns que permitem uns agradáveis passeios:

– Junto à costa ocidental, na base da serra de Sintra e perto da praia do Guincho, encontram-se vários passadiços que permitem visitar o sistema dunar Areia-Guincho. Formam três percursos que acompanham as ondulações da duna da Cresmina e que, associados a um pequeno centro de interpretação, permitem conhecer a dinâmica natural da zona.

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– Um pouco mais a este, na zona de Murches e no limite do Parque Natural Sintra-Cascais, situam-se as Penhas do Marmeleiro, integradas no parque urbano com o mesmo nome. É uma área arejada, algo agreste por ser escarpada, mas muito bonita. Integra um circuito de passadiços, escadas e miradouros, que oferecem amplas vistas sobre a região. Com um espírito explorador, outros passeios são possíveis para além dos limites destas estruturas.

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– Perto da Póvoa de Santa Iria, ou seja, numa área adjacente ao estuário do Tejo, encontra-se um consistente e largo passadiço em madeira, denominado Trilho do Tejo. Foi construído sobre uma área de sapal e dá acesso a outros trilhos de terra, como o trilho da Verdelha e o do Forte da Casa. Toda esta zona, para além de proporcionar um agradável passeio de vários quilómetros, tem potencialidades ornitológicas a explorar.    A paisagem e as cores que o passadiço e os trilhos proporcionam na Primavera são fantásticos, o que já não deve acontecer durante a época mais quente, em que toda a vegetação deve estar seca. Não tem qualquer sombra, pelo que deve ser evitado nas horas de mais calor.

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– Por último e para além destes, não posso deixar de referir o conhecido percurso existente no Parque das Nações e que liga a torre Vasco da Gama (agora Myriad, Sana Hotel) à foz do rio Trancão. Possui diversas áreas de passadiços em madeira, que infelizmente estavam muito degradadas da última vez que os percorri. Entretanto passou algum tempo, pelo que espero que essa já não seja a realidade actual.

Bons passeios!

 

  • Se conhecerem outros no distrito de Lisboa partilhem-nos, pois gostaria de saber.