o cata-vento

 

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Irrequieto,
o vento
fustiga o cata-vento,
que roda loucamente
sem parar.

Pára!
Pede o galo
do alto do cata-vento,
estou tonto,
cansado
sem norte
e farto desta sorte!

Porquê?
pergunta o vento,
num rodopio
sonoro e menos turbulento…

Porque…
não canto
não voo
não acordo ninguém
não tenho par
nem um quintal onde reinar!
E estou preso
nesta alma de metal,
fria e intemporal!

Mais calmo,
o vento soprou
com ternura
e ecoou…

Puro engano
meu amigo!

Tu és norte,
orientação,
e o corpo que me dá voz.
És o vento que o olhar mais simples
compreende,
linguagem universal
clara e sem igual.

Não voas
é certo,
mas desse lugar
podes ver mais mundo
e horizonte que muitos
a voar.

O teu “quintal” é vasto
aprecia-o com alegria.
E voa,
quando quiseres
e disso precisares.

Basta sentires
o meu afagar em teu corpo
com emoção,
ou a minha loucura
sem razão,
e  terás penas
e asas
e voos de imaginação!

Se este é o teu lugar
e destino,
não vires as costas
ao sopro que te dá vida,
sente-o simplesmente
guiando a emoção
para junto do coração!

 

(Dulce Delgado, Junho 2019)

 

 

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harmonias

 

 

Harmonizar continentes, países, raças, sexos, ideias e sentimentos faz parte do imaginário de muitos de nós. Porém, neste mundo um tanto “cor-de-rosa” em que habito, isso é simples através da música e de algumas vozes que se harmonizam em duetos, como as que hoje partilho.

– No video inicial, Robert Plant, ex- Led Zeppelin e Alison Krauss, cantora country e violinista, juntaram o Reino Unido e os EUA no álbum Raising Sand (2007). Umas das faixas intitula-se Your long journey, um tema antigo e já cantado por outros artistas. Mas as suas vozes harmonizam na perfeição!

 

– Também Vanesa Martín, espanhola, se aliou no final de 2017 ao angolano Matias Damásio e em conjunto cantaram Porque queramos vernos, um dos temas que integra o álbum Munay, editado por esta cantora em 2016.

 

 

– E por último, sugiro o tema Naturalmente Naturalmente incluído no álbum Já É (2015) do artista brasileiro Arnaldo Antunes, aqui cantado em parceria com a portuguesa Manuela Azevedo, um dos elementos do grupo Clã.

 

 

E assim, discretamente, talvez o mundo tenha ficado um pouco mais harmonioso neste domingo à tarde….

 

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No início deste blog, em 2016, partilhei um post com alguns temas igualmente cantados em dueto. De certa forma, o post de hoje complementa esse, pelo que seria interessante passarem por ele e ouvirem as parcerias aí incluídas e que também aprecio bastante.

 

 

 

 

nolwenn leroy

 

Um dos pioneiros do uso da música com fins terapêuticos foi o Professor Alfred Tomatis (França, 1920-2001), que utilizava gravações de Mozart e de canto gregoriano com doentes possuidores de perturbações de vária ordem, pois considerava que determinados timbres e sons favoreciam a harmonização das suas funções orgânicas. Sempre que possível, também recorria à voz materna dos pacientes nos seus actos terapêuticos. A sua técnica de tratamento ficou conhecida por APP (Audio-Psyco-Phonology).

Após a sua morte, seguidores do Método Tomatis descobriram que a sonoridade vocal da cantora bretã Nolwenn Leroy (que ganhou um concurso televisivo em 2002), tinha efeitos terapêuticos superiores aos da música de Mozart. O pioneiro dessa teoria é o neurocirurgião canadiano Dr. Frederick R. Carrick, especialista em situações de coma e lesões cerebrais. Vários médicos aliaram os tratamentos médicos com a voz desta cantora e os resultados foram surpreendentes, inclusivamente em doentes oriundos de vários países e que não conheciam nem as canções nem a língua. Será pois o seu timbre que fará a diferença.

Sabemos que a voz, assim como tudo o que nos envolve, é vibração e energia. Partindo desse princípio e ainda que os nossos sentidos e a nossa percepção são limitados, podemos aceitar a possibilidade de sermos estimulados por determinadas formas vibratórias de que não temos consciência.

Como é natural, este tipo de matéria tem defensores e acusadores. De uma forma geral, a medicina é bastante fechada quando se depara com terapias menos usuais, porque são muitos os interesses instalados que as rejeitam. Contudo, muito lentamente uma “brisa de mudança” vai surgindo na sociedade e, com ela, alguma abertura no reconhecimento de métodos terapêuticos alternativos. Este será um deles.

Abstraindo essas polémicas, este assunto não deixa de ser interessante. Por isso, gosto de pensar que estou a partilhar boas vibrações com os meus leitores, ao deixar aqui os dois temas de Nolwenn Leroy mais utilizados nessas experiências e que se intitulam 14 de février e Suivre une étoile.