ser….não ser…

Observar
pensar
imaginar
criar
e muito relacionar,
é algo
naturalmente meu.

Por vezes
esse modo de ser
pesa,
apetecendo simplesmente
desligar…limpar…
e estar,
apenas estar
e ser
sem nada sinalizar
absorver
ou registar,
sendo apenas pele
e palco
de instantes sem eco
de instantes toca e foge…

Possível?
Não…sim…não sei….difícil…
E penso:

Talvez…
…talvez este sentir
seja uma oferta,
um pequeno dom
que se colou
ao meu ser
como uma segunda pele,
algo que me envolveu
envolve
será sempre meu
e que muito agradeço.

Mas tal não impede
de sentir cansaço
e em certos momentos
apenas desejar
estar
olhar sem ver
não captar
não relacionar
não imaginar…

…ser básica
ser simples
e ser linear!

(Dulce Delgado, Março 2024)

19 thoughts on “ser….não ser…

  1. Dulce que linda foto. Suas palavras me fizeram refletir:
    A sensibilidade tem os dois lados. As vezes nós preferiríamos não sentir tanto, pois absorvemos as dores do mundo …..em outros momentos ela nos ajuda a nos conectarmos com as pessoas e isso nos faz bem.
    Este estado de “apenas ser” sem “absorver” é muito importante pois é um momento em que nos conectarmos com nossa essência, é nosso estado original, natural. Acredito que quanto mais vezes conseguimos este ponto de “apenas ser” mais recuperamos as energias perdidas.
    Adorei a reflexão que me proporcionou. Abraços
    Catarina.

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    1. É tudo isso que a Catarina expressou tão bem e que complementa o meu poema. Nem sempre é facil equilibrar o que sentimos com o que somos. Por vezes sentimos demais e não precisamos disso….

      E assim, entre equilibrios e desequilibrios vamos vivendo. E isso é bom, pois no mínimo significa que estamos vivos…. e atentos!

      Muito obrigada Catarina e um dia feliz!

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  2. Tão bonito! A imagem e a mensagem. Debato-me com esse sentir que me faz tantas vezes muito feliz e noutras causa dor. Perdoem os homens seguidores do seu blogue, até porque nada é generalizável, mas será que por sermos mulheres sentimos tudo em excesso?? Bom resto de semana Dulce!

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    1. Talvez Antónia, não sei bem…
      Mas o facto de sermos menos racionais… menos objectivas…. e as “gavetinhas” que nos habitam a cabeça não serem tão individualizadas como as dos homens , talvez torne tudo em nós mais sentido e intenso. Misturamos sentires e sensibilidades…
      Somos como somos, eles e nós, não é? Haja comunicação, o fundamental para que nos equilibremos com as nossas diferenças.
      Obrigada e ainda bem que apreciou!🌼

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  3. Que bonito Dulce!

    Não sei se é estranho, mas de alguma forma me identifiquei no seu poema… É um querer ir, querer ficar, ser e por vezes não ser…

    Gostei muito e já o li mais que uma vez!

    O Discretamente foi um pouso para mim durante algum tempo!

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    1. Fico muito contente com essas suas palavras e por ter sentido alguma afinidade com as minhas e com este sentir não muito fácil de exprimir. Contudo, constato que consegui dizer o que queria e que foi compreendido.
      Muito obrigada e desejo um bom resto de semana!🙏🌻🌞

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  4. Creio bem, Dulce, que qualquer um de nós que a lemos, sentimos isso: o benefício de saber apreciar com os sentidos e a razão aquilo que nos foi dado; suponho, como Aristóteles, que a razão está já no olhar e no próprio sentir humanos. Talvez haja – decerto haverá – quem não pense muito sobre, não se debruce para o pormenor e suas maravilhas. Que está ali sem nós, existência simples de oferta a quem não apenas passa. Não está por nós e transpira o profundo mistério da existência de todas as coisas que apenas estão, cegas de inteligibilidade. Dir-se-ia que só o pensado existe verdadeiramente. Quem se isenta da impressão do objecto e não o vê à luz da razão, é como cego. Pergunto-me se chega a existir em plenitude isso que nem os olhos registam, ou de que se ignora a importância.

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    1. Certamente que os filósofos sempre apreciam e apreciaram estes conceitos e temáticas. É a praia deles…
      Olhar/captar/pensar/relacionar constantemente…cansa. Essa é uma realidade. Mas como desligar se os “sensores” estão sempre a captar? E como passar ao lado e não ver?………………..
      Obrigada pelo seu tempo e disponibilidade para divagar sobre o meu “ser…não ser”!
      Desejo um dia bem tranquilo! 🌼

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  5. This made me smile, Dulce. It is as if you felt weary of having your gifts. I can understand though – when you’re very sensitive and you tend to think about life a lot, there is so much “data” to process all the time. It would be refreshing to get rid of all the “echoes” that come with being sensitive for a little while. Sometimes meditation can do that, I think. And standing a long time in a good, hot shower! 🙂
    The photograph is beautiful
    Thank you for all your gifts, including this one.

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    1. Yes, there are moments of tranquility that help us “switch off”… but sometimes what I really wanted was to be able to switch off from day-to-day life… not seeing… not thinking… being indifferent… .but I can not.
      Yes, human beings are complex…and I am complex too…😉
      Thank you!

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