cinquenta cravos de abril!

Há datas e eventos que marcam gerações.

A minha, pela mão, luta e sofrimento de muitos, recebeu a liberdade e a democracia no dia 25 de Abril de 1974. Hoje, cinquenta anos depois, celebra com alegria essa dádiva, ao lado de filhos e netos.

Porém, mais do que nunca será necessário estarmos atentos e que cultivemos com inteligência o que não queremos ver murchar. A realidade mostra-nos que as “ervas daninhas” estão activas e querendo brotar.

Sem esses valores então conquistados, nem estas discretas palavras poderiam ser escritas. Por essa e por muitas outras razões, o Discretamente relembra hoje esta importante data da história de Portugal.

Que o espírito do 25 de Abril se mantenha vivo e enraizado para sempre!

E que a Liberdade consiga germinar nos lugares do mundo onde ainda não existe!

árvore europeia 2024

Porque é fim-de-semana e dispõem de mais algum tempo, hoje divulgo a eleição da Árvore Europeia 2024/Tree of the Year 2024, evento que está em curso até ao próximo dia 22 de Fevereiro. Recentemente partilhei a votação para a Árvore Portuguesa do Ano, cuja vencedora está agora nesta competição com as suas congéneres europeias.

Através deste link terão acesso às catorze árvores europeias finalistas, assim como às suas características e histórias, sendo este último, relembro, o factor que mais deverá ser valorizado.

Vale sempre a pena conhecer estes seres vivos agora saídos do anonimato e seguidamente votar nos dois exemplares que mais vos agradam.

Boa votação….e bom fim-de-semana!!🤗

Imagem retirada de https://www.treeoftheyear.org/vote

gestos com história

Há muitos anos, mais de vinte certamente, num momento de impaciência e não inspiração fiz esta “mancha” por irritação e de certo modo por “raiva”. Foi muito espontânea, extremamente gestual, mas quando a olhei agradou-me o que saiu….e guardei-a.

Quando iniciei o Discretamente comecei a organizar tudo o que tinha, nomeadamente desenhos. Não conseguindo enquadrá-la em nenhum período específico, ficou a aguardar um post onde pudesse ser encaixada pois, ao reflectir na minha perspectiva uma certa raiva/irritação, sentia que o eventual post que o acompanharia deveria estar associado a esse tipo de sentimento(s).

Estando este blog já com sete anos… e esta “mancha” ainda em espera… decidi que era altura de lhe dedicar um post.

Como humana que sou, tenho algumas irritações de estimação, mas nada importantes no contexto geral da minha vida. Felizmente, acrescente-se. Nada mais do que detalhes a que posso reagir mais num dia e no outro já não.

Posso sentir tristeza ou amargura (basta olhar para este mundo…), mas “raiva” não entra aqui. Ela tudo destrói e não leva a nada, pelo que aprendi a bani-la da minha vida. Contudo, acrescente-se, tenho consciência que em situações extremas é um sentimento que sempre pode aparecer.

Objectivamente, não tenho um contexto para este desenho. E se o partilhasse isoladamente, estaria a transmitir uma mensagem algo falseada e não adequada à minha realidade actual.

Dir-me-ão: porque não o guardar simplesmente sem o partilhar?

E eu respondo: porque ele tem força e de certa forma é um “instante” gráfico de mim, um instante como tantos outros que me construíram. E se aqui tenho partilhado esses outros, porque não partilhar também este, a par da sua verdadeira história?

Diria que é um desenho sem significado especial….mas que acaba por ter uma curiosa história associada.

árvore europeia 2023

No último mês de Dezembro alertei para a votação que estava em curso para a eleição da árvore que em 2023 representaria Portugal a nível europeu. Sei que alguns dos meus seguidores colaboraram, mas não sei se saberão que foi o eucalipto de Contige o vencedor.

Presentemente e até ao final deste mês de Fevereiro está a decorrer uma votação mais abrangente, esta a nível europeu, para a eleição da Árvore Europeia de 2023.

Se quiserem participar ou pelo menos conhecer árvores cheias de personalidade de diversos países, basta ir a este link e escolher as duas cuja história e aspecto mais vos agradar.

Qualquer árvore merece a nossa atenção e admiração. No mínimo, são vida para o olhar e tranquilidade para a alma. As dezasseis que estão a concursos têm ainda curiosas histórias associadas, razão porque vale a pena ir ao link e conhecê-las.

Entre árvores e beleza.…desejo a todos um bom fim-de-semana! 🤗

Imagem retirada de   https://www.treeoftheyear.org/pt/vote

 

árvore do ano 2023

Mantendo a tradição, mais uma vez publico um post sobre a eleição da árvore que representará Portugal no concurso da Árvore do Ano 2023/ Tree of the year 2023.

O processo de votação decorre aqui e relembro que, mais do que o aspecto geral da árvore, esta eleição visa encontrar as histórias mais curiosas, como bem relembram as palavras inseridas na imagem acima.

Mesmo que não votem, é sempre interessante ficar a saber algo mais sobre os exemplares a concurso, magnificos seres vivos que criaram raízes neste território e são parte integrante daquele bem maior que é a natureza que nos envolve.

A votação é fácil, permite escolher dois exemplares e decorre até ao final do dia 5 de Janeiro 2023.

Boa semana!

detalhes citadinos

Lisboa sempre nos oferece curiosos detalhes, seja qual for a área da cidade que nos acolha. O facto de profissionalmente me enquadrar entre as zonas de Santos e Alcântara, leva a que privilegie esse segmento da capital para os passeios que faço habitualmente à hora de almoço, seja a um ritmo activo ou mais tranquilo e fotográfico.

Nesse deambular passo inúmeras vezes pelas pequenas caravelas em pedra inseridas nas fachadas de algumas habitações desta zona da cidade, baixos-relevos cujo estado de conservação varia entre o bom e o bastante mau. Li que existem elementos deste tipo noutras zonas da cidade próximas do rio Tejo, mas ainda não os fui procurar.

Creio que ninguém saberá ao certo o seu verdadeiro significado, sendo várias as versões conhecidas. Uns dizem que estariam na fachada de edifícios onde habitavam pessoas cuja profissão estaria relacionada com o mar; outros afirmam que poderiam ser marcos sinalizadores relacionados com os limites do município, cujo símbolo tem por base uma caravela. Outras versões existirão certamente, mas deixo isso para historiadores e especialistas na matéria.

Eu prefiro o papel de observadora destes curiosos detalhes que pontuam a cidade e de deixar a imaginação “navegar” com eles por onde quiser. O importante é constatar que ainda persistem, sendo um legado que temos a obrigação de cuidar, preservar, apreciar e partilhar.

Calçada da Pampulha nº 4 e Rua Presidente Arriaga nº 124

Rua Presidente Arriaga, nº136/138 e nº142

Rua Presidente Arriaga, nº150 e nº152/154

Rua Presidente Arriaga nº172, e Rua Prior do Crato nº40

Rua Prior do Crato nº175 e Rua da Costa nº43

Rua da Costa nº63 e Travessa da Costa nº81

Com um enquadramento diferente, outras caravelas podem ser vistas nesta zona, como a existente no Fontanário nº10 localizado da Praça da Armada e ainda na fachada do nº19 da Calçada do Livramento, esta de maior dimensão e creio que bem mais recente.

Estas imagens mostram claramente que alguns destes elementos se encontram em mau estado de conservação e que não tem havido cuidado na sua preservação. Se a erosão e a poluição são importantes factores de desgaste, também a incuria humana tem dado uma boa contribuição. Aliás, a presença de cabos electricos e de telecomunicações colocados sobre alguns estes baixos-relevos é bem demonstrativa disso.

Numa pequena investigação que fiz encontrei referência a outras caravelas…mas in loco não existiam, provavelmente porque as fachadas dos edifícios foram remodeladas e/ou esses elementos entretanto retirados.

Antes de terminar, gostaria ainda de referir que a imagem que inícia o post é um detalhe da fachada da habitação nº10 da Rua da Costa e que a zona da cidade onde todos estes elementos se encontram está assinalada no mapa abaixo.


Neste vaguear recolhi outro tipo de detalhes que oportunamente poderão dar origem a uma publicação de titulo semelhante mas de conteúdo bastante diferente.

dia de portugal

Uma janela…eu…e dois detalhes da região de Lisboa que marcam o nascer deste Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

Num acordar madrugador olho em redor…e agrada-me a simples ideia de ser apenas um ponto de gente, um dos mais de 10 milhões de portugueses que vivem neste país. Muitos outros se espalham pelo mundo, mas estou certa que a maioria deixou aqui a alma e o desejo de futuro. Como aventureiros de longa data, sempre continuamos a espalhar raízes e sonhos por aí…

Doces de alma e sociáveis, normalmente estamos disponíveis a ajudar de uma forma genuína, amigável e solidária. E pela Vida, continuamos a ser poetas do sentir e da saudade.

Somos conhecidos por ser trabalhadores competentes, não obstante o gosto que temos pelos bons momentos de lazer e convívio. Assim como de uma mesa farta e saborosa, dos nossos bons vinhos e melhores doces, ou do sol que nos aquece, do mar, da praia e dos belos lugares que temos. Enfim, bons apreciadores da Vida e do Viver, apesar das notórias desigualdades na forma de o fazer.

É obvio que temos muitos defeitos, pois não há gente ou povo sem eles. Talvez o maior seja o facto de nos acomodarmos demasiado e sermos pouco reivindicativos/ lutadores por melhores condições de vida. Por outro lado também apreciamos tornear certas regras/legislações impostas de modo a não as cumprir. É obvio que isto acontece porque há pouco controle/fiscalização ou punição…

Acrescente-se ainda que somos um tanto desorganizados mas temos uma capacidade impar de desenrascar situações, arranjar soluções e de concretizar como ninguém no último momento. Enfim, somos o que somos, ainda que bem longe da perfeição. Ponto final.

Porém, neste sentir matinal tenho imenso orgulho em ser Portuguesa e de ter nascido neste cantinho do mundo, num povo cheio de passado e que escreveu história…mesmo que tantas vezes de uma forma nada recomendável e bastante censurável. Fomos cruéis, é verdade, mas isso felizmente não ficou na nossa herança genética como povo. Talvez tenhamos sublimado esses tempos em pacifismo… e na forma cordata como hoje nos relacionamos com o mundo.

Na actualidade, fazemos parte de uma Europa em equilíbrio instável…que se insere num mundo ainda mais instável. É nesse contexto que continuamos a aprender e a absorver o que os caminhos trilhados como País ao longo de séculos e décadas não permitiram interiorizar mais cedo. Porém, gostaria muito que nesse caminhar/progredir, sejamos capazes de manter o que temos de genuíno e a nossa verdadeira essência, especialmente o nosso lado muito humano e caloroso.

Apenas o futuro o dirá.

Faz hoje precisamente 441 anos que faleceu Luís Vaz de Camões, uma personagem símbolo neste país de poetas e aventureiros. Como referi inicialmente, este também é o seu dia.

a sopa

Sob o meu olhar descansava uma consistente e bem quente sopa com vários legumes; e em mim habitava o tempo e a disponibilidade para deixar o pensamento divagar ao ritmo lento do seu arrefecimento…e do vapor que teimava em embaciar-me os óculos!

Naturalmente fui levada pelos meandros da palavra sopa, seja pelas histórias lidas e vividas, memórias guardadas ou pelo imaginário que sempre nos habita…

……o primeiro pensamento levou-me a um tempo inimaginável para a mente humana e à teoria da Sopa primordial, aquela eventual mistura de compostos orgânicos que poderá ter estado na origem da vida que habita este nosso planeta. Enfim, um assunto demasiado complexo… que logo foi levado pelo vapor…

……lembrei as sopas/refeições altruístas que tantas instituições distribuem diariamente pelos mais desfavorecidos, um pouco à semelhança das antigas Sopas do Sidónio ou dos pobres, uma doação estabelecida em Portugal durante a 1ª Guerra Mundial pelo interino e controverso presidente Sidónio Pais;

……mergulhei nas Sopas de letras, seja naquele passatempo que é um verdadeiro jogo de escondidas entre o olhar e um mar de letras na busca de determinadas palavras… seja naquela Sopa de letrinhas da minha infância, em que pacientemente se tentava escrever na borda do prato algumas palavras com esse tipo de massa;

……continuei pela minha infância/juventude e lembrei as sopas da minha mãe, sempre deliciosas, especialmente a Sopa de beldroegas que eu tanto gostava ou, no calor do Verão, a sua Sopa Fria, semelhante ao gaspacho, mas não triturada;

……imaginei estar a passear/almoçar na zona de Almeirim, no Ribatejo, e numa colherada mágica apanhar a pedra que a tradicional, robusta e excelente Sopa de Pedra dessa região costuma incluir;

……viajei aos dias em que ainda faço uma Sopa alentejana, encimada pelo ovo escalfado e cheirando deliciosamente a coentros. E depois, por oposição…

……um pensamento menos prosaico trouxe-me à modernidade e às pouco saudáveis sopas instantâneas que habitam as prateleiras dos supermercados… e que há muito não entram em minha casa!

Porém, já prestes a acabar de a comer…ainda surgiu o pensamento de que uma sopa também pode ser doce e ter poesia…

……é o caso da Sopa dourada, um doce conventual confecionado com imensos ovos e ainda mais açúcar que está presente em muitas mesas de Natal do meu país…

…..ou da poética e tão portuguesa Sopa do mar, uma abrangente e deliciosa sopa com gosto a ondas e cheiro a maresia!

Entretanto…terminei-a. E estava excelente!

árvore do ano 2021

Termina no final do próximo dia 23 de Novembro a votação que levará à eleição da árvore portuguesa que posteriormente participará no concurso da Árvore Europeia do Ano 2021.

Como vem sendo hábito nos últimos anos mais uma vez relembro este evento que considero importante, não pela eleição em si, mas sobretudo por dar a conhecer algumas árvores emblemáticas e com histórias interessantes que habitam em solo português.

Este é o link que contém todas as informações disponíveis e onde podem escolher as duas árvores que considerem mais interessantes.

Eu já fiz a minha escolha!

(Imagem retirada de  https://portugal.treeoftheyear.eu/Vote)

 

tavira

 

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Tavira é uma urbe que se localiza no sotavento algarvio – mais precisamente a leste desta província do sul de Portugal – e comemora este ano os cinco séculos da sua elevação a cidade. Mas são longínquos os antecedentes históricos da região em que se insere, sendo vários os povos que a invadiram e ocuparam. Os primeiros conhecidos são os fenícios no séc. VIII a.C., mas foram os romanos e os árabes que por ali passaram mais tempo, aproveitando a boa localização da cidade junto ao Rio Gilão e à Ria Formosa.

O facto de ter passado recentemente uns dias de férias nesta cidade e usufruído das belas praias da região, leva-me a partilhar algumas imagens assim como alguns aspectos que me parecem interessantes.

Começando pelas praias, refiro apenas os 11 km de areal existentes na ilha de Tavira – uma das cinco ilhas barreira que protegem a Ria Formosa – e que é acessível por barco a partir da cidade de Tavira e da vila de Santa Luzia, que lhe fica próxima. Para a Praia do Barril, também nesta ilha, existe a possibilidade de ir a pé ou num pequeno comboio que atravessa o sapal sobre uma ponte aí construída.

São praias belíssimas, amplas e em que a água do mar tem uma temperatura média de 22/23ºC. Enquanto ali permanecemos a temperatura esteve nos 24/25ºC, o que foi  simplesmente fabuloso.

 

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Voltando à cidade de Tavira, esta é muito harmoniosa contrariamente a outras do Algarve em que a pressão turística levou à construção desenfreada de edifícios com grande altura. Aqui, a linha do horizonte não foi invadida por prédios altos, o que é muito agradável de constatar.

Nas duas imagens que se seguem, partilho um aspecto da cidade visualizado a partir do Castelo, uma fortaleza conquistada aos muçulmanos por volta do ano 1240 d.C. e ainda um detalhe do interior desta construção fortificada.

 

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Um olhar mais pormenorizado sobre a cidade permite perceber que mesmo as construções mais recentes harmonizam de certa forma com a traça original, seja em volumetria seja em certos detalhes arquitectónicos.

 

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O branco predomina nas fachadas e reflecte o quente sol algarvio. Aqui e ali, zonas de lazer, jardins e esplanadas permitem o descanso e a frescura que se deseja nos dias de maior calor. A Praça da República, onde se encontra o edifício da Câmara Municipal é um desses locais de encontro.

 

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São muitas as igrejas que pontuam a cidade com as suas torres brancas. Partilho apenas um aspecto geral e um detalhe da Igreja Matriz de Santa Maria do Castelo, hoje monumento nacional, e que se diz que terá sido construída entre os séculos XIII e XIV sobre a antiga mesquita.

 

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O rio que atravessa a cidade e que nasce na Serra do Caldeirão, tem dois nomes: Séqua até à ponte romana e Gilão até à foz, o que acontece na zona das Quatro Águas em plena Ria Formosa. Corre tranquilo, espelhado e refresca o ar e o olhar.

 

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A chamada Ponte Romana, já muito transformada mas ainda com algumas características dessa época, é umas das ligações pedonais existentes entre as duas margens do rio. No coração da cidade une as praças mais procuradas e é percorrida por muitos locais e turistas, sendo certo que este ano estes últimos estão bastante ausentes.

 

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Nas grades de protecção dessa ponte, assim como acontece em imensas passagens pedonais noutros lugares do mundo, os cadeados estão presentes e relembram amores anónimos que por ali passaram. Amores de hoje… e muitos certamente já do passado e dissolvidos no tempo.

Não deixa de ser curiosa esta necessidade humana de tentar materializar e  “eternizar” sentimentos tão íntimos e sensíveis de uma forma tão rígida, metálica e fria. Faz-me pensar…

 

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Ficam os cadeados como instantes de um tempo que passou… e fica igualmente por aqui este meu olhar discreto sobre a cidade.

O resto é para descobrir, porque Tavira e o seu concelho têm muito para nos oferecer.

Em harmonia, guardam lugares, história, locais de culto, natureza, belas praias, muito mar e, principalmente, um tempo de muita tranquilidade pronto a ser apreciado.

 

 

 

 

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