…66!

Entre equiliíbrios e desequilíbrios, o 6 junta-se ao 60 e a partir de hoje ficarei com 66.

Será um dia de ar livre, de natureza e de passeio, para aproveitar as belezas que este mês de Maio sempre nos proporciona. Inicialmente será passado a dois e ao fim da tarde partilhado com toda a família.🥰

Será, sobretudo, um dia para agradecer o imenso que tenho… e de desejar outras pequenas coisas que ainda não tenho!

Haja saúde!🥂🤗

aos teus 40!

Tinha eu 25 anos quando tu nasceste, estava em plena juventude e cheia de energia. Passaram por nós quarenta primaveras…verões… outonos…. e invernos e, num instante, tu chegas aos 40, aquela virtual e enigmática esquina das “quatro décadas” que tanto me incomodou na juventude. Pensava eu que, se os meus pais, avós e tios já lá estavam, era claro como a água que depois dos 40 eu seria “velha” como eles….

Transposta essa idade, metade de mim confrontou-se com algo que não sentia…e a outra metade riu-se dessa absurda ideia que me habitou. Afinal eu era a mesma, nada mudara na minha alma, os sonhos mantinham-se e as intranquilidades também. Até o corpo respondia de forma semelhante ao que lhe era solicitado.

Os tempos mudaram, a sociedade mudou e hoje, sendo habitual os filhos nascerem bem mais perto dos 40 anos dos seus pais, essa “esquina da velhice” avançou automaticamente uma ou duas décadas ou até se diluiu quase na totalidade. Não tenho dúvida que na minha geração a ideia dos 40 tinha um impacto diferente e bem maior, em termos psicológicos, do que actualmente.

O mais curioso é que 25 anos depois dessa passagem e já na fase “sénior” da vida, a ideia de ser velha/idosa ainda não me habita. Nem o cabelo branco me faz tal sentir! Sinto simplesmente que a idade depende da forma como lidamos com o nosso corpo e com as alterações que vão surgindo, como vivemos o presente em cada dia que passa e, sobretudo, como encaramos o suposto final desta Caminhada.

Mas voltemos a este dia de aniversário e a uma doce ternura que me habita pelo facto de na Vida termos conseguido manter o “frente a frente” da imagem acima, sob a forma de confiança, sinceridade, partilha, presença, apoio, atenção, etc,.

Estou muito grata pelo que me fizeste sentir sendo a primogénita, pelo que representas na minha vida, pelos netos que me deste, pela tua sensibilidade, intuição e outros detalhes… e até pelos momentos em que discordamos por sermos de gerações diferentes e existirem quatro décadas de tempo a nos separar.

Que a Vida nos permita continuar por perto, com saúde e sintonizadas por mais uma…duas…décadas. Pode parecer-te pouco, mas para os 65 que oficialmente me habitam, cada década é uma dádiva! Aliás, cada dia é uma dádiva!

Muitos Parabéns minha filha, que tenhas um dia muito, muito feliz!🧡🥂🌼🐇

(Fotografia tirada por José Oliveira, Setembro 1983)

65!

Quase quarenta anos depois de o fazer com os meus filhos voltei a brincar com plasticina, agora com o meu neto Vasco.

Tudo evoluiu e a plasticina também, seja em quantidade seja na qualidade de moldagem. Sendo um divertimento para ele e de certa forma também para mim, será em tons desse material que partilho convosco este dia em que chego aos 65 anos.

Se agora a brincadeira é com o Vasco, oxalá a vida me permita daqui a dois anos partilhar com a mesma disponibilidade momentos semelhantes também com o Vicente.

Agora é aproveitar as vantagens deste novo tempo, como os descontos e benesses disponíveis na área cultural, transportes, etc,. Sendo direitos que se adquirem nesta “terceira idade”, há que os aproveitar!

Neste “novo tempo”, o que mais desejo a nível pessoal?

… saúde, para que no dia-a-dia dos próximas anos possa aproveitar sem dores nem maleitas o tanto que a vida me dá;

… a capacidade de transformar com um certo humor as dificuldades que surgem nas esquinas deste caminhar. São reais e inevitáveis. Mas pode ser nosso um novo olhar e a capacidade de as relativizar;

… tal como a versatilidade da plasticina sempre permite uma nova moldagem… também eu gostaria de melhorar a capacidade de “moldar a mente” e de a re-orientar sempre que as formas de pensamento presentes sejam entrave ao avançar/evoluir. Por vezes a rotina e o cansaço têm o dom de nos imobilizar, empedernir, etc,.

… aproveitar as circunstâncias e vivências, mesmo que aparentemente simples e banais, para depois dizer a mim própria “esta já ninguém me tira”!

… que a criatividade continue como companheira e a curiosidade uma presença;

… manter-me equilibrada, mesmo que discretamente, neste mundo de tantos desequilibrios!

Porém, e para que tudo isto tenha sentido, desejo profundamente que a minha família esteja bem. Afinal, eles são os alicerces, apesar de eu estar na base da pirâmide.

Bem-vindos 65!🤗

(Aproveito para desejar um bom Dia da Mãe para todas as mães que me vão lendo e um bom domingo a todos os outros!)

sete anos!

Há três ou quatro dias o WordPress avisou-me do aniversário do Discretamente. Fiquei surpresa pois pensava que seria hoje, dia 28, data da publicação do primeiro post no ano de 2016. Porém, parece que o dia da sua criação é o que conta.

Seja como for, sempre gosto de lembrar datas e os sete anos deste espaço são realmente importantes para mim. Por um lado, porque gosto imenso do número sete; e por outro, porque quando iniciei o blog no final de Abril de 2016 via-o sobretudo como uma possibilidade de orientar e partilhar a minha criatividade. Senti que poderia ser a decisão certa naquele momento mas, sendo um mundo novo, não sabia se iria gostar e adaptar-me. Tal como não sabia que outro rumo tomar se não resultasse…

Hoje aqui continuamos, eu e ele, com vontade de futuro. E isso, muito honestamente é o que me interessa. Os números e estatísticas não são importantes, mas apenas uma referência por vezes bem afastada da realidade como todos nós sabemos.

Agradeço a todos os que me têm acompanhado com “honestidade de alma”, manifestando-se ou não. É para esses que aqui continuarei, discretamente e sem perspectivas ou timings, enquanto a vontade, o gosto e a disponibilidade estiverem presentes dentro de mim.

Obrigada! 🙏🤗

39

Porque o teu olhar aprecia a simplicidade…..

…porque prefere “aquele menos” que diz mais…

…e porque sempre consegue encontrar no aparentemente banal aquela linha de força, energia ou estética que pode tornar algo mais belo…

…ofereço-te neste dia uma fotografia que tirei no início deste ano e que muito aprecio. Na sua subtileza encontro uma certa transcendência, seja na nudez dos troncos que revelam o essencial, seja nas névoas que temos que ultrapassar para chegar à clareza, à luz e a um “céu mais azul”.

Gosto da sua harmonia, mensagem e por este pouco me dizer-me tanto. E hoje gosto especialmente porque sei que também a irás apreciar.

A par destas palavras é o que te quero oferecer neste mundo virtual. No real terás muito mais. Haverá presenças, partilha e sentirás aquele abraço especial e aquela ternura que só uma mãe sabe dar. E que tu como mãe, já sabes bem como é profundo, intenso e tudo preenche.

Muitos parabéns minha filha!🧡

38

Este primeiro dia de Setembro apareceu envolto num nevoeiro morno e agradável, daquele que o corpo não rejeita. Por esse cinzento deambulei um pouco logo pela manhã na zona ribeirinha de Lisboa, levando comigo o sentir luminoso que vivi neste mesmo dia há 38 anos atrás, data em que tu nasceste e eu fui mãe pela primeira vez.

Sempre que os filhos fazem anos, como mães voltamos atrás e vibramos entre recordações e um mar de emoções. As minhas são doces e fluidas, como foi todo o processo do teu nascimento e como têm sido estes 38 anos da nossa relação. Hoje também tu és mãe e eu uma feliz avó do teu filho!

Entretanto a vida foi acontecendo neste planeta/universo. A Terra deu trinta e oito belíssimas voltas ao Sol… mas em nós a sensação é de rapidez… de um tempo fugaz…como aquele gesto simples e meio inconsciente de rasgar ou de riscar mais uma folha do calendário que “gere” o tempo. Não deveria ser assim…

Nestes 38 anos demos incontáveis passos como pessoas individuais. Tu no teu caminho e eu no meu. Atravessamos nevoeiros, céus azuis, dias soalheiros, certezas e incertezas, momentos de pura felicidade e alguns de tristeza. Mas ambas sabemos que é na atenção pelo outro, no estar presente, no aconchego, na troca e no jogo entre o dar e o receber que está tudo o que vale realmente a pena no desenrolar dos dias e da Vida.

Isso é a essência. Diria mesmo que é o Sol que sempre está presente mesmo nos dias de nevoeiro!

Muitos Parabéns minha filha, e continuação de uma boa viagem pela Vida!

(Dulce Delgado, 1 Setembro 2021)

a ponte do meu olhar

O valor que damos a algo é sempre relativo, sendo imenso o que passa despercebido ao nosso olhar enquanto outros alvos são privilegiados por esta transparência que brota de nós. 

A ponte 25 de Abril, que une as duas margens do Tejo em Lisboa, talvez seja a campeão dos meus olhares. Há mais de quarenta anos que descansa na janela da sala onde trabalho e há outros tantos que sob ela passo duas vezes ao dia.

Normalmente mostra bem os seus contornos e elegância, linhas que os nevoeiros surgidos no rio gostam de afagar ou esconder num jogo dinâmico e sensual, ora tapando a base dos pilares, ora os topos, ora tudo. Neste ultimo caso em que ela simplesmente desaparece, gosto de pensar que foi de viagem, que se cansou de estar estática no mesmo lugar há tantos anos…ou então que eu mudei de lugar e outra cidade me recebe! Certo é que, limpa ou envolta em nevoeiro, é sempre bonita e cativante.

Esta estrutura longa e flexível tem uma vida muito própria. Pelas suas entranhas passa um comboio (como se pode ver à esquerda da imagem), um meio de transporte importante na dinâmica dos fluxos de pessoas que se deslocam diariamente entre as duas margens do rio; e no tabuleiro, um tráfego muito intenso ou mais fluido pode, de um momento para o outro, dar lugar a um acidente de onde resulta um humor engarrafado, congestionado e sempre enervante. Por outro lado, mantém uma relação sonora com a cidade emanando um ruído constante, um “vrumm” metálico um tanto cansativo e certamente muito incomodativo para os que vivem perto dela.

Na sua passividade e para além da função de ligação, já foi palco de muitos momentos desde que foi inaugurada em 1966: grandes obras, manifestações, bloqueios, corridas com milhares de pessoas, etc, etc. Já sabe o que é o calor dos passos humanos, do mesmo modo que sabe o que é o desespero dos muitos que decidiram terminar a vida no seu tabuleiro, atirando-se daí ao rio. Com este pensamento, a ponte sempre perde muita da poesia que lhe encontro…

Olhando em seu redor…

…é uma estrutura que tem a seu lado, na margem sul, o Santuário do Cristo-Rei, formando uma parceria inconfundível no perfil da cidade e uma espécie de ex-libris que dá as boas vindas a muitos dos visitantes. No céu, passa sobre eles um dos corredores aéreos de acesso ao aeroporto de Lisboa, percorrido por um constante fluxo de aviões que só a pandemia permitiu travar totalmente. E em baixo, sob a ponte, flui o magnifico rio Tejo prestes a chegar ao oceano e permitindo agora, depois dos trabalhos de despoluição realizados, que muitos golfinhos penetrem diariamente o seu leito e sejam vistos na zona dos dois pilares submersos. Que melhor companhia poderia ter a ponte 25 de Abril?

Os pilares que a sustentam são suporte, mas não só. Na verdade, vale muito a pena ir até ao primeiro em betão implantado no lado norte, em Alcântara, e aí visitar o Centro Interpretativo da Ponte 25 de Abril – Experiência Pilar 7 – inaugurado aquando dos 50 anos desta estrutura. Muito mais do que o interesse do miradouro e do elevador panorâmico que possui, vale imenso pelo percurso expositivo que disponibiliza complementado por meios interativos. E responde a muitas questões que os mais curiosos terão ao olhar para esta belíssima obra de engenharia que resultou do trabalho árduo de muita gente, numa época em que as tecnologias e as questões de segurança era bem diferentes da actuais, facto que levou à morte de muitos trabalhadores em acidentes durante a sua construção.

Publico este divagar no dia de mais um aniversário desta ponte, mais precisamente dos 55 anos após a sua inauguração. Nessa altura, era a maior ponte suspensa da Europa e foi um evento marcante para todos os portugueses. Até para mim, uma criança com apenas oito anos que vivia no Algarve….e que jamais imaginaria que aquela enorme construção seria uma presença constante no seu olhar e, de certa forma, na sua vida.

(Foto captada neste dia de aniversário, logo pela manhã!)

cinco anos!

Já aqui partilhei o quanto aprecio um belo prado, seja pela liberdade que concedem à sua própria natureza, seja por acompanharem naturalmente o ritmo das estações do ano e, especialmente, por serem espaços abertos e repletos de possibilidades. Talvez por isso, neste dia em que faz precisamente cinco anos que publiquei o primeiro post no Discretamente, apetece-me divagar sobre a natureza de um prado e com ele fazer uma analogia.

O sentimento que me invadia no dia 28 de Abril de 2016, era algo semelhante à sensação de ter um pequeno terreno pela frente mas não saber se seria bom ou se nele cresceria algo. E especialmente questionava-me se ele seria o lugar mais propício ao desenvolvimento da minha vontade de partilha criativa.

O tempo foi passando, as estações do ano e a vida acontecendo, as emoções e sensações brotando….assim como o prazer e a alegria de ver nascer “naquele terreno” um pouco de tudo. Assim, ao longo destes cinco anos e muito para além do que eu alguma vez possa ter imaginado, brotaram 625 posts que incluíram centenas de textos, 145 poemas, 160 desenhos, assim como muitas centenas de fotografias, tudo de autoria própria.

Se estou grata por ter dado a mim própria a oportunidade de avançar com o objectivo de superar muitas inseguranças e intranquilidades criativas, estou ainda mais grata por ter uma filha que me ajudou na construção do blog e ensinou a lidar com a plataforma WordPress. Estou igualmente agradecida a todos os que me têm acompanhado, comentado, incentivado e que, de certa forma, já fazem parte da minha “outra família”. A todos discretamente agradeço.

Por fim, que a vida me permita continuar a apreciar e a “regar” com alegria este prado imaginário!