
instantes #27

Voando pelo tempo
eu vou,
planando ou batendo asas
e sentindo o vento
que sou.
Por vezes tropeço
nos sonhos
e foge-me o arco-íris,
então rodopio hesitante
na verdade do tempo
e do instante.
Ele não pára…
…o tempo,
e eu continuo
a avançar
sem meta onde chegar.
Nesse caminhar eu sigo
mais ou menos tranquila,
tentando inspirar
apreciar
aprender
e aceitar,
o que a Vida tem para dar!
Hoje, ao fim da tarde, o céu ofereceu este espectáculo a quem se encontrava na zona oeste/ noroeste da cidade de Lisboa. O sol e as nuvens brincaram e criaram um segmento de arco-iris que se abriu numa espécie de portal … triangular … e estrategicamente localizado.
Não sei se a natureza quereria dizer algo a estes estranhos tempos. Talvez sim. Ou talvez não.
Eu prefiro pensar que sim!
Como este fenómeno começou e evoluiu:
Depois… rapidamente terminou!
E eu agradeci!
Lisboa e o Tejo viram hoje nascer o dia…
…entre nuvens e reflexos…
…entre cinzentos e azuis…
…e numa intranquila calmaria!
Estava lindo!
Se o nascer do sol é um instante que a orientação da minha casa sempre permite acompanhar, já o seu ocaso apenas é visível nos dias mais curtos do ano.
Nos restantes, a presença de um alto edifício impede tal visão, pelo que a imaginação tem um papel importante no seu entendimento, que se baseia apenas na forma como o céu e as nuvens ficam iluminados.
Ontem, dia 11 de Abril, ao ir à janela ao fim do dia, senti que estava num filme de ficção científica ao me deparar com a imagem acima. Imediatamente visualizei uns seres gigantes e alongados olhando para a terra e aparentemente “congeminando” um forma de aproximação ao nosso planeta….
Fiquei encantada com a visão….e rindo de mim própria pela forma como a imaginação pode ser prolifera a criar cenários e histórias.
A máquina fotográfica registou de imediato o momento, bem diferente do observado no dia anterior, como poderão verificar no final deste post.
A diferença entre estas duas imagens é abismal e revela bem a diversidade de olhares que nos são oferecidos pela natureza quando estamos disponíveis para os encontrar.
Além disso, as rotinas de todos os dias ficam mais leves com estes detalhes a intervalar!
Desejo que o fim-de-semana seja doce e vos proporcione bons momentos e muitas surpresas no olhar!
Os passageiros que nesta quarta-feira aterraram no aeroporto de Lisboa antes do nascer do sol, foram recebidos de uma forma singular.
A dispersão de nuvens pelo vento “derramou” numa faixa de céu e sobre os aviões que aí passavam um véu fluído de luz, minúsculas gotas de água e energia.
Seria apenas um banal fenómeno atmosférico resultante do interagir de alguns elementos da natureza, mas…..porque não o ver e sentir como algo especial, como uma espécie de graça, bênção, ou algo do género?
Ou como uma forma diferente de dar as boas-vindas e desejar uma boa estadia?
Ou um bom dia?
Ou…apenas uma boa aterragem…
Foram esses os pensamentos que nasceram do meu sentir perante tão magnífica visão.
E silenciosamente, tudo isso desejei aos desconhecidos daquele avião!
…que está prestes a terminar, assim nasceu na zona de Lisboa.
Por um lado apareceu com uma luz forte, profunda e um tanto mística; e por outro, com uma evidente componente de intranquilidade, transmitida pelas irrequietas nuvens.
Uma hora depois, o rio Tejo e as áreas da cidade a ele adjacentes estavam cobertos de um nevoeiro denso e de um frio penetrante, húmido e muito desagradável.
Esse sentir enevoado manteve-se uma boa parte do dia, talvez para nos preparar para a chuva prevista para amanhã, depois de muitos dias de céu azul, limpo e de um sol vivificante.
Esta alternância e sequência de estados e de humores é nossa também. É minha. É tua. É de todos e de tudo.
É a Natureza, tal e qual!
Ao ultrapassar a realidade, a imaginação tem algo de mágico e de maravilhoso.
Sem esforço, nessa viagem tudo alcançamos, contornamos e criamos. Os olhos da mente elaboram planos, resolvem situações, alteram comportamentos e criam lugares… por vezes maravilhosos. Certamente que haverá por aí muita imaginação menos prosaica e mais destrutiva que a minha, mas tal não interessa para o tema.
Nos meus sessenta anos de olhares, muitos sobre o céu e as nuvens, foram imensos os momentos que me cativaram e alimentaram a imaginação. Mas nunca encontrara aquele lugar já imaginado, aquele lugar de linhas desenhadas e fluídas… misto de montanha e cidade…uma espécie de mundo paralelo habitado de horizontes e de infinito….
Encontrei esse lugar, recentemente, ao amanhecer.
Estava ali, à espera do meu olhar. Fiquei parada, vidrada e maravilhada. Registei o momento com emoção e depressa percebi a sua efemeridade, porque num dos extremos, o ritmo de dispersão das nuvens era evidente. Minutos depois tudo se alterou e desapareceu. Ele não estava ali só para mim, mas eu estava sensibilizada para o encontrar.
Há momentos na vida em que um detalhe faz toda a diferença.
Por vezes, circunstâncias diversas provocam uma quebra de energia e uma maior dificuldade em manter o habitual positivismo, sendo fácil surgir o sentimento de estarmos a “atraiçoar” a nossa verdadeira natureza. Um sentir um pouco absurdo, porque somos humanos e nada é linear nem igual nesta vida. Mas nesses momentos de maior fragilidade, essa mesma Vida é perita em nos “oferecer” momentos especiais, por vezes absurdos para os outros, mas muito simbólicos para nós. Como foi este, ou outros já ocorridos na minha vida.
Ele significou que…
… não há impossíveis
… não podemos desistir de acreditar/esperar/encontrar
… é importante manter o foco, um “horizonte”, mesmo que o caminho seja por vezes mais complexo
… na altura certa aparecerá algo que nos alerta/ estimula/ questiona e ajuda
… e que é fundamental manter-mo-nos atentos, seja com o olhar, seja com a alma!
Apenas dessa forma as energias que somos e as energias que nos cercam se poderão “alinhar” para nos mostrar de infinitas e estranhas formas aquilo que precisamos de entender/aceitar em determinado momento da nossa Vida.
Por vezes os relógios acordam-nos à hora certa…
Em voo
levada sou,
nas entranhas
de um ponto
viajante,
no azul
e no instante.
Aventuro o meu olhar…
…e pelo rarefeito ar
vejo que o mar
virou céu
com nuvens a decorar!
Enganou-se o meu olhar?
Será que o céu e o mar decidiram brincar?
E as nuvens…
… gostarão elas de estar
abaixo do humano olhar?
Talvez sim…
talvez não…
Mas,
melhor do que eu estarão
neste meu divagar,
nascido para passar o tempo
e sempre,
sempre pensar…
…que já falta pouco para aterrar!