
Haverá algum limite,
alguma verdade
ou apenas
hipóteses infinitas?
Estará tudo numa folha em branco
…num risco
…ou no nada?
De dia também há estrelas no céu…
Haverá algum limite,
alguma verdade
ou apenas
hipóteses infinitas?
Estará tudo numa folha em branco
…num risco
…ou no nada?
De dia também há estrelas no céu…
Hoje, ao fim da tarde, o céu ofereceu este espectáculo a quem se encontrava na zona oeste/ noroeste da cidade de Lisboa. O sol e as nuvens brincaram e criaram um segmento de arco-iris que se abriu numa espécie de portal … triangular … e estrategicamente localizado.
Não sei se a natureza quereria dizer algo a estes estranhos tempos. Talvez sim. Ou talvez não.
Eu prefiro pensar que sim!
Como este fenómeno começou e evoluiu:
Depois… rapidamente terminou!
E eu agradeci!
De quatro em quatro anos um rasgo no tempo deixa entrar mais um dia, o 29 de Fevereiro, a fim de ajustar o nosso calendário ao movimento de translação da terra. Estamos perante um dia que só voltará a dar um ar da sua graça 1460 dias depois e por isso, talvez um tempo com problemas de identidade ou, pelo contrário, talvez demasiado seguro e confiante por ser diferente dos demais.
Sendo o primeiro 29 de Fevereiro que visita discretamente este blog, não poderia deixar de marcar o evento e dar-lhe alguma atenção. Neste recanto de Portugal onde vivo, ele nasceu bastante mal disposto, cinzento e muito chuvoso. Talvez por uma questão de adaptação a uma situação que é para ele tudo menos rotineira…
Mas tudo passa na vida e também no humor do tempo, pelo que a perspectiva é de alguma melhoria, esperando-se que as restantes horas deste dia incomum se espreguicem por um céu entre o azul, o sol e as nuvens.
Gostaria de voltar a referi-lo daqui a quatro anos. Significaria que tanto eu como o blog persistíamos no tempo… que eu me estaria quase a aposentar… que……que…….e que…
Entretanto…
…vou à vida para aproveitar as horas que o relógio ainda me oferece neste dia!
Um bom 29 de Fevereiro para todos!
Não sou apreciadora de nevoeiro, talvez pelo desconforto e humidade penetrantes que silenciosamente nos oferece. Prefiro realmente o sol, o céu azul e as detalhes limpos de cada estação.
Reconheço contudo a beleza de um lugar quando se envolve com as nuvens e se aconchega nos nevoeiros, especialmente se esse lugar for um recanto de emoções como é para o meu sentir a Serra de Sintra.
Percorrer os seus caminhos em dias brancos permite perceber de uma forma mais marcante o contorno e a expressividade de cada árvore ou ramo, estejam estes íntegros, quebrados ou procurando o afago de outros.
Neste branco respirar apenas o verde ressalta. Aqui, ali ou além. Ele é dono deste lugar e de imensos detalhes de vida que a água alimenta perante o nosso olhar.
Lisboa e o Tejo viram hoje nascer o dia…
…entre nuvens e reflexos…
…entre cinzentos e azuis…
…e numa intranquila calmaria!
Estava lindo!
Dois dias…
…e duas matinais saudações
repletas de beleza,
de luz
e de boa energia,
oferecidas ao meu olhar
e ao teu, noutro lugar,
por um céu escritor de poesia!
O vento
levou-me um pensamento…
…que logo procurei
no instante de um olhar.
Um pedaço
voava no céu,
outro nadava no mar.
Tentei resgatá-los
no tempo de um respirar,
na esperança de os unir
e o pensamento voltar.
Impossível.
Com o original partido
e no éter meio perdido…
…logo outro me veio habitar!
Em Setembro de 2016 partilhei um post sobre o almanaque Borda d’Água, folheto anual publicado em Portugal pela Editorial Minerva. Ele nasceu dois anos depois da editora e transmite um saber simples, ligado à terra e à agricultura, ao céu, aos astros e às estações do ano, à história, ao mundo cristão e ainda à cultura popular.
Amiúde o meu olhar passa sobre a folha do mês em curso a fim de saber algo mais sobre a “história” e acontecimentos do dia. Hoje porém, ao verificar que a editora que o publica nasceu a 2 de Junho de 1927, o que significa que completa 92 anos de vida, associei de imediato esse evento à minha progenitora e à idade que ela teria se estivesse viva, uma vez que nasceu nesse mesmo ano.
A minha mãe tinha o saber adquirido enquanto estudante, mas guardava um saber bem maior, mais popular e fruto da simplicidade do meio em que nasceu e cresceu. Como apreciadora da natureza em todas as suas versões, sabia identificar a maioria das flores e de muitas plantas, saber talvez aprendido com o seu pai (e meu avô), um homem que sempre teve uma pequena horta ou um jardim para cultivar e zelar.
Minha mãe também entendia a meteorologia de uma forma muito empírica mas assertiva. Se o vento estava assim… tinha um significado; se estava de além…implicava outra coisa; se as nuvens apareciam naquele lado ou se a lua tomava determinado aspecto, era outra coisa qualquer; e assim por diante. E naturalmente associava ao seu próprio conhecimento saberes populares e provérbios que depois partilhava nas mais diversas situações.
Hoje percebi que o meu gesto quase diário de deitar o olhar sobre este almanaque que a Editorial Minerva insiste heroicamente em publicar num tempo em que o “saber” se adquire pela internet é, de certa modo, um olhar sobre as raízes que me deram origem, e talvez, uma forma inconsciente de encontrar um pouco da minha mãe, da sua sensibilidade e de uma sabedoria que muito me encantava e que tantas vezes me levou a pensar “como é que ela sabe estas coisas todas?”
Um olhar ternurento sobre ela e o passado, leva-me sempre a senti-la como alguém muito especial… mas igualmente como um pequeno “almanaque humano”, uma espécie de Borda d’Água com coração!
Neste dia, longa vida à Editorial Minerva e ao seu delicioso Borda d’Água!