pela manhã…

Há dias que nascem estranhamente intensos, contrastantes e de certa maneira até agressivos para o olhar. Não deixam de ter a sua beleza, mas é uma beleza algo desconfortável e nada tranquilizante.

Na manhã deste dia faixas nebulosas de um negro intenso alternavam com outras bem mais frágeis de luz, criando um ambiente um tanto incómodo na região de Lisboa. Na minha perspectiva, obviamente.

Após estas fotos e de regresso ao carro, deparo-me com uma imagem mais doce e ternurenta. Apenas lamento que me tenha sido dada por uma ave exótica com o estatuto de invasora como é o Ganso-do-egipto (Alopochen aegyptiaca ), uma espécie que tem aumentado exponencialmente em Portugal (e em toda a Europa), ocupando espaços de outras autóctones com as quais é muito agressiva.

Porém… a maternidade é sempre a maternidade seja em que espécie for. E é algo que me toca com ternura, pelo que ver esta imagem logo me fez esquecer o “peso” que o céu me transmitiu.

E assim segui para o trabalho!🤗

(ao longo desta manhã…o sol e as nuvens…a luz e a sombra…foram “dançando” mais equilibradamente!)

inquietação atmosférica

Há dias que nascem visualmente irrequietos, mas estranhamente diferentes e curiosos.

Ontem o dia nasceu assim. Não transmitia tranquilidade, mas estava deveras original. No céu, nuvens muito heterogéneas revelavam uma peculiar paisagem modelada pelos ventos que aí navegavam. Nesse ecletismo ofereceram um olhar que valeu pela singularidade.

Hoje, quarta-feira, o dia nasceu um pouco mais luminoso, igualmente inquieto e irrequieto, mas sem a originalidade de ontem. Diria mais banal.

Neste penúltimo dia de novembro, Lisboa espera sol entre nuvens, talvez alguma chuva e logo pela manhã envolve-a e envolve-nos uma temperatura verdadeiramente primaveril. Aliás, demasiado primaveril….

Talvez…

…talvez a inquietude do céu reflicta a inquietação do planeta……

a linha do horizonte

A linha do horizonte
saiu do seu lugar,
e num enorme abraço azul
o céu entrou no mar
e o mar sentiu-se ar.

Liberta
e cansada de ser recta,
a linha rodopiou
e dançou,
num azul de encantar.

Depois de tanto bailar,
por instantes
parou,
talvez para pensar
que caminho à vida dar.

Já com a resposta
em mente
muito segura e calmamente
em ave se transformou,
ave azul
bela
e transparente…
…que  bateu asas e voou!  

Dulce Delgado, 2016
Este é outro dos poemas que partilhei no início do blog em 2016. Volto agora a fazê-lo, depois de revisto e com pequenas alterações.

Um bom fim-de semana para todos!🤗

acordar…

Neste dia 14 de Setembro 2023, único como todos os outros mas recheado de rotinas e gestos semelhantes aos restantes, deparei-me logo de manhã com esta imagem que me encantou.

Neste “vórtice” do tempo que nos arrebata sem darmos por isso, este nascer do dia marcou-me realmente. Ao chegar à janela na altura certa, encarei este olhar/momento como uma dádiva, mas especialmente como um alerta e uma “picada” que me acordou daquela letargia alimentada pelas rotinas, excesso de informação e desolações que percorrem o mundo, factores a que dificilmente conseguimos fugir. E que, sem darmos por isso, acabam por nos toldar o olhar, a sensibilidade e o pensamento.

Senti este momento como uma espécie de “Dulce acorda, a tua ampulheta do tempo não está parada!

E não pára, eu sei…nós por vezes é que parece que paramos no tempo!🙄

Desejo um bom dia para todos!🤗

presente matinal

Foi estranhamente bela a imagem que o céu hoje me ofereceu ao amanhecer. Faltariam poucos minutos para as sete da manhã quando me deparei com este fenómeno provocado por um sol ainda bastante escondido.

Consegui tirar esta foto e em poucos minutos vi aquele raio alaranjado desaparecer e diluir-se no vasto céu que a janela me oferece.

Como habitualmente, também eu me dilui nas rotinas matinais, mas hoje com a sensação de ter estado “no lugar certo na altura certa”, o que é uma agradável forma de começar o dia.

Se é bonito e foi agradável… porque não partilhar?

Bom dia!

Têm sempre uma magia muito especial aqueles momentos em que os raios de sol se individualizam ao passar entre nuvens. Num instante sou levada aos meus desenhos de infância e aos raios de sol que cuidadosamente desenhava a partir do seu centro.

Com eles sempre viajo pelos céus…. e com eles sempre regresso “escorregando” em alta velocidade ao longo do seu declive. Gosto desse imaginário e desse vertiginoso “reencontro” com o astro-rei.

Hoje, ao nascer do dia, mais uma vez fui levada nessa viagem pelos céus. Estava bonito e apeteceu-me partilhar.

Apenas isso.🤗

duna da crismina

Quando imagens dolorosas e sentimentos de revolta nos habitam em virtude da actual situação do mundo, instala-se uma inquietação que interfere com a nossa sensibilidade, dinâmica, ritmos de sono, etc, etc,. No sentido de tentar equilibrar e até de “distrair” tanta inquietação, é urgente recorrer ao que nos possa dar alguma paz interior. Nesse rol de possibilidades, a natureza sempre foi para mim uma fonte de paz, porque nela encontro um saudável respirar e olhares de encantar.

Muito recentemente tentamos esquecer o mundo por algumas horas fazendo um passeio pela Duna da Crismina, um espaço localizado no Parque Natural de Sintra-Cascais com características e dinâmicas muito próprias e que pode ser percorrido através de passadiços aí instalados há alguns anos.

Toda a área costeira a norte do farol da Guia intervém na dinâmica deste sistema dunar e abrange zonas arenosas, rochosas e praias, sendo as praias do Guincho e da Crismina as mais activas em todo este processo. Nessa linha de costa também se insere o Cabo Raso, área que percorremos antes de entrar no perímetro da Duna da Crismina propriamente dito.

Penetramos na duna pela entrada norte a fim de percorrer todos os passadiços em madeira aí existentes. Estes tanto atravessam áreas com rara vegetação como outras bastante arborizadas, predominando nestas ultimas o pinheiro.

Envolvia-nos um dia de inverno demasiado tranquilo e primaveril, o que tem sido comum em Portugal e uma verdadeira fonte de preocupação para todos nós devido à seca extrema daí resultante e já instalada em todo o território.

No céu, uma diversidade de olhares. Mas à medida que as horas iam passando, algumas nuvens foram dispersando, algo muito comum em toda aquela região próxima da Serra de Sintra.

O que mais gosto e o que mais me tranquiliza neste tipo de paisagem são os detalhes que salpicam a paisagem de beleza especialmente em áreas onde a vegetação escasseia e que geralmente coincidem com as de maior mobilidade da duna.

Esta tranquilidade natural acalmou um pouco a minha intranquilidade. Bastante menos do que eu desejaria, é certo, mas nos tempos que correm tudo o que nos anime, por pouco que seja, é muito bem-vindo.