voando com o olhar…

Voam as gaivotas
diante do meu olhar,
sobre a terra
rasando o rio
talvez desejando o mar.

Em cada voo
lento e planado
voa o meu sentir
e a vontade
de as seguir
em plena liberdade…

…desejo
friamente cortado
por uma sólida
e transparente
janela
com vítrea crueldade!

(apesar de “cruel”, aquela janela é um libertador escape na rotina do emprego!)

as cores do mundo

A minha paleta tem todas as cores do mundo…

Se num prado quero correr,
o azul e o amarelo
certamente eu vou escolher.

Se uma montanha sonho subir,
com os castanhos e os ocres
depressa vou conseguir.

Se no mar quero nadar,
agarro o azul e o verde
e com eles vou mergulhar.

Mas se o céu me chamar,
peço apenas ao azul
para com ele voar.

E se uma volta ao planeta
eu decidir realizar,
agarro a minha paleta
viajo por todas as cores
e o mundo vou encontrar!

Dulce Delgado, 2016
Este é mais um dos poemas partilhados no início do blog em 2016. É tempo de  o publicar novamente e, sendo sexta-feira, com ele desejar a todos um fim-de-semana da cor que mais desejarem!🤗

vento surpresa…

Na voragem do tempo
a Vida é um vento
ora tranquilo
ora intenso. 

Um vento surpresa
misterioso e resistente,
repleto de momentos
sensações
gestos
e emoções
que guardamos
em lugar diferente.

Uns habitam o olhar
outros a pele
muitos a memória…
…e os mais intensos
aquele lugar sem lugar
a que chamamos alma.

Na voragem do tempo
a Vida é um evento,..

…como um vento…

…que passa!

Dulce Delgado, Dezembro 2023

a linha do horizonte

A linha do horizonte
saiu do seu lugar,
e num enorme abraço azul
o céu entrou no mar
e o mar sentiu-se ar.

Liberta
e cansada de ser recta,
a linha rodopiou
e dançou,
num azul de encantar.

Depois de tanto bailar,
por instantes
parou,
talvez para pensar
que caminho à vida dar.

Já com a resposta
em mente
muito segura e calmamente
em ave se transformou,
ave azul
bela
e transparente…
…que  bateu asas e voou!  

Dulce Delgado, 2016
Este é outro dos poemas que partilhei no início do blog em 2016. Volto agora a fazê-lo, depois de revisto e com pequenas alterações.

Um bom fim-de semana para todos!🤗

ideia fugidia

Veio com o vento
uma ideia
e em mim pousou.

Em silêncio procurou
nos meandros do meu pensar,
um lugar seguro e leve
onde ser
crescer
e estar.

Como nenhum recanto encontrou,
decidiu voltar para trás…
…e outro vento a levou!

Este poema foi publicado no início do Discretamente, tal como outros que tiveram raras visualizações nessa altura. “Ideia fugidia” é o segundo de um conjunto de seis que estou a voltar a partilhar.

pelo tempo…

No respirar do tempo
os dias e os meses sucedem
ao ritmo do desenrolar da vida.

Crescem os netos…
amadurecem os filhos…
eu envelheço…

Simples e natural
mas estranhamente rápido….

Partilham-se momentos
e sentimentos,
ajudas
cansaços
palavras e abraços
diferenças.

Paralelos e cruzados os caminhos continuam.
E a Vida também!

(Dulce Delgado, Junho 2023)