de cor em cor

As flores da Paineira-rosa (Ceiba speciosa) gostam do outono e escolhem esta estação para atingir o seu pico de floração e cor.

Posteriormente, ao ritmo dos dias, das chuvas e dos ventos próprios da estação começam a murchar e a cair, processo que no Jardim 9 de Abril em Lisboa (junto ao Museu Nacional de Arte Antiga), ocorre em simultâneo com o aparecimento dos tons vermelhos e cada vez mais intensos associados ao final do ciclo de vida das folhas da vinha-virgem que com ela coabita.

Com este cenário, a zona central desse Jardim torna-se num dos mais belos recantos da cidade, espaço onde anualmente se presencia este espetáculo. E eu, que ali passo quase diariamente, sinto-me uma privilegiada por ir assistindo a este maravilhoso desenrolar dos ritmos da natureza.

A imagem acima foi captada recentemente a partir do lado norte desse jardim e difere bastante da próxima, obtida há duas semanas no lado sul, quando a paineira ainda tinha muitas flores.

Dia a dia…. e de cor em cor…a Vida vai acontecendo perante o nosso olhar!

Uma bom resto de domingo para todos!🤗

Nos sete anos de existência do Discretamente, este jardim passou por aqui em diversas ocasiões e por motivos variados. E faço-o porque ele sempre me encanta, muito especialmente nesta altura do ano. Mesmo que me repita um pouco…se algo me encanta é  para partilhar! 

dança outonal

Recentemente, num dia de muito vento, ao estar com a porta do carro aberta a arrumar uns sacos pousou num dos bancos este raminho com três folhas já meio secas.

Sendo nitidamente uma oferta outonal, ao pegar nele percebi a grande expressividade das suas folhas, pelo que o guardei cuidadosamente até ter oportunidade de o observar.

Ontem, ao explorá-lo visualmente senti que “dançava” perante o meu olhar. Sendo assim…

…que dance neste discreto palco!

(de tristeza está o mundo cheio………….)

ao outono!

Um curto período de férias no início deste mês levou-nos à Beira Interior, uma região de Portugal com características muito próprias e onde, entre muitas outras espécies, oliveiras, amendoeiras, castanheiros, nogueiras e videiras fizeram parte do nosso olhar, apresentando-se todas na fase de amadurecimento dos seus frutos.

Será no Outono que hoje se inicia neste hemisfério norte que ocorrerá a queda/apanha da maioria desses frutos, a fim de posteriormente serem transformados (ou não) e comercializados.

Sem querer entrar em assuntos mais delicados como por exemplo a origem dos que iremos consumir no nosso país… o que quero mesmo realçar é o prazer que os seus sabores sempre nos proporcionam no aconchego de cada Outono. Aprecio todos os frutos secos, mas sendo as  castanhas e as amêndoas as eleitas, escolhi um detalhe de ambas captado nessa região para iniciar e terminar este post.

Entretanto na natureza…

… depois da dádiva de todas estas delícias…as espécies vegetais serão palco de transformações da cor/forma/textura das suas folhas, elementos que em breve irão cair e desnudá-las de uma forma sempre bela e natural. Enquanto todo esse processo ocorre, seremos presenteados com as fascinantes cores de Outono .

Haja saúde e a tranquilidade possível para acompanharmos mais uma vez este maravilhoso desenrolar!🍂🍁

Entretanto, aos meus leitores da outra metade do mundo, desejo uma doce Primavera!🌼🌞

Bom fim-de-semana!🤗

ciclo de vida

Apesar de passar há muitos anos pela escadaria que une o Jardim 9 de Abril à Avenida 24 de Julho em Lisboa, nunca me tinha deparado com a imagem acima.

Estando a uma certa distância, o primeiro pensamento foi: “Que estranho, um monte de troncos com pequenas flores? Não pode ser! Nunca vi isto aqui!” Além disso estávamos em Dezembro…

Aproximei-me e de imediato percebi que se tratava de restos de tinta da parede que ficaram agarrados às gavinhas da vinha-virgem seca e recentemente arrancada. Entretanto olho para a parede em frente e encontro estes detalhes maravilhosos, que a máquina fotográfica que sempre me acompanha logo registou.

Achei estas imagens tão bonitas que, apesar de significarem o final de um ciclo, resolvi que iria estar atenta e registar o renascimento da trepadeira que sempre cobre uma boa parte da parede que suporta aquela escadaria.

Passou algum tempo até os novos rebentos aparecerem. Depois foi galopante o seu desenvolvimento, até a parede ficar parcialmente coberta.

A vinha-virgem é uma planta extremamente curiosa, característica que sempre a orienta para novos lugares e novas aventuras. Essa vontade de progredir levou-a a abraçar a grade que protege a escadaria e através desta atingir o patamar superior, cobrindo parcialmente os degraus dessa área mais elevada.

Esse enérgico avançar implicou uma verdadeira “dança-exploração” através das ferragens do corrimão sendo assim, replecta de vitalidade, que viveu todo o Verão.

Há poucos meses, com a chegada do Outono começou tranquilamente a alterar o seu aspecto e a adaptar-se às cores dessa nova estação.

Em pouco tempo todas as folhas secaram e caíram, apresentando-se assim neste início de ano….

…precisamente antes de ser arrancada e do momento que antecedeu a imagem inicial deste post, aquela que captou a minha atenção.

Em breve todos os troncos serão retirados da parede e a planta podada, para que na próxima Primavera volte a rebentar cheia de força e pronta a iniciar um novo ciclo.

Entre a primeira e a ultima imagem que hoje partilho passou-se basicamente um ano. Com ele fluiram as quatro estações e passaram doze meses no mundo e também na vida desta vossa interlocutora. Nada estará igual porque um ano é tempo bastante neste Viver.

Ainda guardo aquela espécie de encantamento que deu origem a este post, agora mais completo ao sentir que cumpri a “missão” de ser presença no ciclo de vida desta curiosa planta.

Presença que fui e serei…pois sempre que passar por este recanto de Lisboa, ela terá o meu olhar!

Boa semana!🤗

olá inverno!

Despeço-me do Outono com uma das imagens mais bonitas que ele sempre nos oferece: o amarelecimento e a queda das folhas das Gingko bilobas.

Lisboa tem pequenos núcleos destas árvores, mas creio que será o Jardim das Amoreiras, um aconchegante espaço localizado no centro da cidade, o que possui árvores de maior porte e oferece o espectáculo mais belo.

Visitei-o recentemente, sendo as imagens que hoje publico o resultado desse encantador momento. Ao entrar nele sentimo-nos num outro mundo e dimensão, seja pela cor seja pelo afago das folhas caindo em cada soprar do vento. Se o envolvimento geral é belo, os detalhes que o olhar encontra não o são menos. Pelo menos para mim.

O Inverno começa hoje, dia 21 de Dezembro as 21h 48m, e muito em breve despirá totalmente estas árvores. Aliás, algumas já não possuíam folhas quando lá estive, criando-se por vezes um contraste enorme entre árvores adjacentes. Como acontece connosco, também na natureza os ritmos de crescimento/envelhecimento variam dentro de uma mesma espécie.

É pois com muita cor que dou as boas-vindas ao introvertido Inverno. Oxalá ele aprecie e seja capaz de as sublimar em boas energias!

Desejo então que seja um aconchegante Inverno (infelizmente impossivel para tantos que neste momento sofrem grandes privações)….e já agora, que esta mudança de estação se revele calorosa para todos que vivem abaixo da linha do Equador e que hoje receberão o Verão!🤗

detalhes de outono

No hemisfério norte, daqui a duas semanas o Outono dará lugar ao Inverno. Este é portanto o momento certo de partilhar convosco alguns detalhes outonais que, aqui e ali, fui captando nos últimos dois meses. Espero que os apreciem!

À medida que os dias passam, sentimos que estes tons se vão desvanecendo e que progressivamente a cor se despede da natureza e do nosso olhar. Depois descansará um pouco no Inverno…. para reaparecer mais forte e intensa na próxima Primavera.

Até lá, aproveitemos o aconchego e os tons neutros destes dias mais frios, cinzentos, mas igualmente belos!

pela ilha da madeira (IV)

Dou as boas vindas ao Outono com um último post sobre as férias de Verão na ilha da Madeira. Creio que é tempo de terminar esta temática no Discretamente, apesar do tema de hoje – os seres vivos – sempre terem a nossa atenção durante todo o ano.

Ao longo dos dias que permanecemos na Madeira foram muitos os animais que cruzaram o nosso olhar e que nos “cumprimentaram”, seja em passeios realizados pelo interior da ilha seja na zona costeira.

Começo por aqueles que utilizam o solo como seu habitat principal….

…e aí, a sensação com que ficamos é que os lagartos/lagartixas foram os mais vistos especialmente nas zonas mais periféricas e soalheiras da ilha. De tons diversos, eles estão em muros, pedras ou no calhau rolado, bastando apenas um pouco de atenção para logo os ver. São fugidios mas, se pararmos em pouco, são capazes de se aproximar….de tal forma que estando eu sentada tranquilamente num muro a apreciar o mar…olho para o lado e vejo um a explorar o exterior da minha mochila. Reagi e ele logo fugiu. Digamos que os aprecio, desde que não entrem no meu “território pessoal”…

Leves, ágeis e apreciadores quer da terra quer do mar, os caranguejos merecem uma referência, pois foram muitos os que vimos.

De patas bem assentes no solo mas bem mais possantes e pachorrentas, as vacas  cruzaram o nosso caminho em vários momentos, sempre com aquele ar que as caracteriza que fica entre a indiferença e a tranquilidade. Cabras e ovelhas deram igualmente um ar da sua graça…

Dispersando um pouco o olhar, é altura de me centrar naqueles que conseguem voar. Vejamos primeiro as aves…

…ficamos com a sensação que quem reina na ilha são os sociáveis tentilhões, mais ou menos coloridos consoante o sexo ou idade. A ave que inicia este post é um tentilhão macho já adulto. As fêmeas, como geralmente acontece no mundo das aves, são bem mais sóbrias.

Adaptaram-se tão bem à dinâmica dos muitos turistas que visitam a ilha, que fazem da sua presença uma mais-valia. Constatamos que muitos procuram o final dos trilhos, locais onde a maioria das pessoas pára para descansar, comer qualquer coisa…e aí deixar migalhas! Então é vê-los a aproximar-se sem qualquer medo, como mostram as duas fotos que se seguem.

Este permaneceu perto de mim, por imenso tempo!

Para além dos tentilhões foram poucas as espécies de aves que vimos. Pela minha parte apenas consegui fotografar uma lavandeira (que no continente tem o nome de alvéloa-cinzenta) e um pensativo garajau comum a apreciar a ondulação!

Saltitões ou voadores, os insectos são sempre um desafio. Ainda consegui captar estes gafanhotos (um maior e outro pequeníssimo), um escaravelho (?), uma aranha e vários abelhões, ficando aqui apenas o melhor exemplar deste último.

Por fim, as borboletas! Sempre irrequietas e coloridas, foram muitas as que vimos. Eu porém, apenas consegui fotografar decentemente estes dois exemplares que se seguem.

Mas sendo estas férias partilhadas com o meu companheiro e um tempo inesquecível para ambos, termino com mais três exemplares de borboletas lindamente fotografadas por ele (Jorge Oliveira) e de que gosto muito.

Se estas férias foram um “voo a dois”, que este final seja também de ambos!

Para terminar…

… desejo sinceramente que a mudança de estação hoje ocorrida – Outono para uns e Primavera para outros – seja um tempo de tranquilizar o mundo e, indirectamente, de tranquilizar a Vida de todos nós.

Bom fim-de-semana!🍀

diálogos de outono

Gosto de “brincar” com as dádivas do Outono, seja com as folhas secas seja com as sementes que ele nos oferece. Esta ultima brincadeira juntou duas pacíficas castanhas e duas irrequietas sementes de tipuana.

Na foto acima algo não estava a correr bem entre as sementes-pássaro, revelando ambas uma evidente situação de confronto. Porém, decidiram dialogar e, como todos bem sabemos, os conflitos resolvidos com base no diálogo levam normalmente a um entendimento/conciliação e ao restabelecimento do equilíbrio.

Foi exatamente isso que aconteceu com esta dupla de sementes….

…que, tranquilamente num recanto de minha casa, desfruta em paz estes últimos dias deste Outono!

🤗🌰💕🍂

em dia de s. martinho…

…entre outros detalhes, uma boa castanha não pode faltar!

A cada estação do ano associamos uma imagem, um cheiro, um lugar ou um sentir.
Se me perguntarem qual o cheiro desta estação, respondo de imediato que é o das castanhas assadas, aroma que “vive” nesta época do ano em muitos recantos da cidade de Lisboa e certamente de outros locais do país. Ele é tão irresistível (para quem gosta, obviamente), como é reconfortante e delicioso o prazer de deambular pelos passeios da cidade, num dia frio, a saborear castanhas quentinhas acabadas de assar. Verdade seja dita, castanhas é comigo, pois gosto de as degustar em qualquer circunstância ou forma, seja cruas, cozidas, assadas, fritas, piladas, como acompanhamento culinário ou em doces.

Neste Dia de S. Martinho, em que por tradição as castanhas acompanhadas de jeropiga, água-pé ou vinho estarão presentes na mesa da maioria dos portugueses, eu não serei excepção. Não apenas porque gosto do seu sabor…mas porque gosto da ideia de dar continuidade a uma tradição popular num tempo em que a globalização e a importação de paladares é uma realidade dos nossos dias.

Para quem aprecia esta tradição, desejo um bom dia de S, Martinho!

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