recantos vivos

Um primeiro olhar sobre um tronco cortado é sempre negativo, porque facilmente associamos essa imagem à morte e a um fim. Mas um segundo olhar mais atento pode ser uma surpresa enriquecedora porque logo percebemos que na natureza não há um fim, mas que na realidade tudo se transforma em algo através de um processo natural e de uma cadeia de relações e de interdependências.

Numa passagem recente pelo Parque da Fábrica da Pólvora de Barcarena (Oeiras), um espaço muito agradável localizado junto da Ribeira de Barcarena, deparamo-nos com algumas árvores cortadas em momentos diferentes. De corte mais recentes ou mais antigo, verificamos que todas essas bases de árvores estavam “vivas”, na medida em que serviam de suporte e alimento a muitas outras formas de vida.

Para além de musgos, líquenes e das muitas ervas que proliferam nesta época do ano em zonas húmidas, eram imensos os fungos que colonizavam nos seus interstícios, nomeadamente cogumelos. De diferentes espécies, tamanhos e feitios, bem “arrumados” ou caoticamente organizados, desenvolveram-se não apenas nos troncos mas também na sua periferia e zonas adjacentes, indo certamente buscar muitos dos nutrientes que necessitam às raízes desses troncos que ficarem na terra e terão apodrecido.

Eram uma verdadeira delícia para o olhar!

Qualquer zona onde a natureza impera tem sempre muitos detalhes cativantes. Daí terminar este post com algumas imagens aleatoriamente captadas ao longo desse passeio e que encaro como uma bela simbiose entre algumas das estações do ano.

Diria que nelas encontro o Outono que passou….o Inverno que nos habita….mas também a Primavera que se seguirá e que aqui ou ali já começa a espreitar e a mostrar alguma da sua cor.

Com a natureza e a sua beleza…desejo a todos um bom fim-de semana!🍀

12 thoughts on “recantos vivos

  1. A natureza encontra múltiplas formas de gerar vida, a mudança está sempre em curso e nem sempre temos a sensibilidade e a disponibilidade para apreciar o que nos rodeia. Pensava nisso mesmo hoje de manhã, a caminho do emprego, no percurso de todos os dias, e apreciando o maravilhoso espetáculo das árvores despedidas. Um fim de semana inspirado Dulce! 😊

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  2. Sempre que vejo uma árvore cortada assim, me lembro de um livro (que não sei se é brasileiro ou foi traduzido de um autor de outro pais) chamado “Coração de Vidro”, que conta sobre a relação de uma criança com a arvore, até que ela (a arvore) é cortada, mas continua vivendo.

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    1. Estive a investigar e esse livro é de José Mauro de Vasconcelos, aquele escritor brasileiro que também escreveu “O meu pé de laranja lima “.
      Fico curiosa com esse livro e essa referência.
      Muito obrigada.

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  3. I’m very late, forgive me. Of course, the concept is important but you really showed in detail how the old stumps support new life. As you said, this new life is not only inside the old wood but extends out into the “neighborhood” too. I agree, the stumps are actually a delight to see and study. The last group of photos is wonderful, too. Oh, that tree!! What a treasure! And I love the photo next to it showing the single leaf in the grass. Bravo, Dulce!

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    1. I really love finding these corners of nature, especially when they reveal enormous potential for life, despite death being present. It was an unexpected encounter, so even more appreciated.
      Thank you very much and I wish you a great weekend:

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