
Há muito que este edifício localizado nas traseiras do meu local de trabalho espera recuperação e um novo rumo. Ainda não teve a sorte de uma boa parte dos prédios mais antigos de Lisboa que na última década foram intervencionados melhorando de sobremaneira o visual da cidade. É certo que o destino da maioria foi o de hotel ou alojamento local, mas isso é uma outra e longa história…
Neste edifício a degradação é evidente, seja pelo abandono seja por algum vandalismo. Nas traseiras, onde captei esta imagem, o seu aspecto é ainda mais decrépito e triste do que da fachada principal.
Porém…
…habita-a Vida, oferecida pelas muitas ervas daninhas que vão nascendo nos seus interstícios ou perto de zonas onde a água da chuva /humidade se acumula, como caleiras, tubos de escoamento de água, etc. Aí essas plantas vão cumprindo o seu ciclo de vida, engrossando seus troncos e até discretamente florindo.
Diria que esta imagem é um perfeito “conflito visual”, porque nela encontramos a morte e o renascer, a degradação e a vida, o enfraquecimento e o fortalecimento. E como acontece amiúde, também aqui a natureza revela a sua força e incrível capacidade de aproveitar oportunidades mesmo em condições totalmente adversas.
Um verdadeiro conflito visual que acaba por ser uma lição. Naquele edifício, assim como nesta construção que somos, sempre existe um recanto mais inseguro, difícil, frágil, obscuro e, quiçá aparentemente incapaz, passível de ser transformado/sublimado e revitalizado por um qualquer acontecimento, detalhe ou sentir.
Por algo que, numa certa perspectiva, poderá ser o tal factor de equilibrio.
Gosto muito desse registro. Revela o que fomos, o que somos e o que poderemos ser. Nesse espaço de tempo, a vida encontra espaço para viver. Brilhante, Dulce.
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“…a vida encontra espaço para viver.” ~E mesmo isso Fernando!
Muito obrigada!
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Obrigada!
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O equilíbrio que a natureza naturalmente encontra e que nós sempre almejamos conseguir…bonito texto e reflexão.
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Obrigada Antónia, grata pela apreciação!
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A vida prevalece…(quase) sempre! 🤍 Oxalá, esse prédio tenha uma história com um final feliz.
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Começo a duvidar desse final feliz…pois já está assim há muitos anos! Veremos.
Obrigada Filipa, um dia feliz!
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É uma pena Dulce!
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O mundo anda tão desequilibrado, Dulce. Parece-me que só em nós mesmos podemos ainda buscar o tal factor de equilíbrio. À vista do que vi agora mesmo na tv numa reportagem versando a sobrelotação do Intendente; à vista de tanta gente sem trabalho e a ser explorada, esse prédio que anima o post é um maná, uma coisa até bonita e desejável.
Bem sei, não dei resposta ao post. Sorry.
Boa noite
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Bea, deu a resposta que o seu sentir foi capaz nesse momento.
Realmente há degradações….e degradações. A que se relaciona com a vida humana é bem mais dolorosa e dificil de encaixar, resolver e equilibrar. É o mundo que criamos e, concordo consigo, neste momento ele está totalmente em desequilibrio.
Daí a necessidade que sinto de procurar “pontos de equilibrio” com o meu olhar. Creio que é também uma questão de sobrevivência……
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Gosto muito dessa sua qualidade de olhar para o pormenor! Parabéns
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Ainda bem que aprecia! Obrigada.
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As cidades são todas iguais: só mudam de endereço. É igual família! Rsrsrsrs
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Pois…esperemos que melhores dias lhes animem estas “almas” abandonadas…aqui e aí! Obrigada.
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