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Na infância, os moinhos de papel eram sonho, construção, movimento e com eles voamos felizes ao vento. Depois crescemos e naturalmente os esquecemos.

Os outros, os reais – sejam de vento, de água ou de maré – ainda vão resistindo na paisagem. A maioria estará destruída, muitos foram recuperados para habitação ou musealizados, sendo poucos os que ainda se mantêm íntegros e conseguem funcionar.

Gosto especialmente dos moinhos de vento, porque sempre que o meu olhar os encontra sente-se bem acolhido. Com eles é muito fácil voltar à ingenuidade dos desenhos de infância em que um moinho com quatro velas não podia faltar no cimo de uma paisagem com montes.

Neste Dia Nacional dos Moinhos, 7 de Abril, partilho convosco alguns dos muitos moinhos de vento que o meu país ainda acolhe… com mais ou menos carinho.

– Conjunto de cinco moinhos recuperados para funções diversas no Alto da Pinhôa, Moita de Ferreiros, Lourinhã

– Conjunto de vinte e três Moinhos da Serra da Atalhada, Friúmes, Penacova. Alguns estão recuperados para habitação.

-Conjunto de catorze moinhos em Gavinhos, Penacova. Alguns estão recuperados e creio que actualmente um deles ainda funciona com moleiro, provavelmente para escolas.

-Moinhos de Portela de Oliveira, Penacova. Originalmente seriam quase duas dezenas, sendo que alguns foram reaproveitados para habitação, outros estão em ruína ou em mau estado, e um deles, que pertenceu ao escritor Vitorino Nemésio, foi totalmente recuperado pela Câmara Municipal de Penacova, estando funcional. Anexo a um desses moinhos foi instalado o Museu do Moinho Vitorino Nemésio.

Este escritor adorava moinhos, tendo possuído três naquela região. O seu apreço era tanto que chegou a ser Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Moinhos.

-Aqui e ali, no cimo dos montes ou em zonas mais ventosas, eles convidam a um olhar terno e sempre delicioso.

Outros continuam activos por tradição, seja para fins educativos seja como complemento de um negócio. É o que sucede com o Moinho dos Caixeiros (Silveira, Torres Vedras), cujas velas a rodar são um chamariz para visitar uma padaria tradicional com um excelente pão.

– Por fim, uma simbólica homenagem a todos os que foram abandonados e engolidos pelo tempo, talvez a grande maioria dos que existem em Portugal. Pedra a pedra foram-se desmoronando… caindo… e naturalmente voltando à terra. Não tiveram fôlego para lutar contra o esquecimento e aguentar o avanço da civilização.

Mas gosto de pensar que um dia já foram felizes!

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De vez em quando Sintra e os seus detalhes, lugares e memórias passam discretamente por aqui. Sendo uma área que me é muito querida, todos os motivos são bons para a partilhar.

O post de hoje incide num dos três palácios nacionais existentes no perímetro da Serra de Sintra, mais especificamente o Palácio Nacional de Monserrate. Este, tal como outros equipamentos históricos e espaços envolventes, são geridos e valorizados desde 2000 pela Parques de Sintra-Monte da Lua, uma empresa que tem feito um trabalho de destaque na recuperação do património edificado e natural da região.

Este Palácio, tal como o parque adjacente, são um dos melhores exemplo do Romantismo português do séc. XIX. Mas não me alongarei sobre isso. Quem tiver interesse em saber mais, encontra muitos dados na sua descrição e história.

Apesar de restaurado já há alguns anos, não o tinha voltado a visitar. Por isso a memória ainda guardava imagens de muita degradação, sendo deveras agradável constatar o cuidado e atenção que orientaram esta intervenção.

 

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A entrada principal do Palácio no Torreão Sul

 

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Torreão Norte

 

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Pelo interior do Palácio

 

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O corredor central

 

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Detalhe dos estuques

 

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A sala da música com a sua belíssima cúpula

 

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Pormenores da cozinha

 

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O tronco da enorme Pohutukawa (Metrosideros excelsa) ou árvore-do-fogo que se encontra adjacente ao palácio

 

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Este magnifico e elegante relvado foi o primeiro a ser plantado em jardins portugueses

 

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Uma ruína…já construída para ser ruína!

 

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Pelo Vale dos Fetos

 

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Poderia incluir muito mais imagens, mas não pretendo ser exaustiva. Quero ser apenas um ponto de partida.

Visitar estes espaços e em particular a vila de Sintra ainda em tempo de pandemia foi uma surpresa e uma mais-valia.

Apesar de saber que os turistas são importantes para a economia do país, é muito mais agradável fazer estas visitas sem o movimento e o ruído a que estávamos habituados. A tranquilidade sentida na minha juventude instalou-se novamente… mesmo que por pouco tempo.

A verdade é que gostei disso, assumo, porque o romantismo de Sintra “penetra” melhor na pele e na alma com o silêncio e sem a presença dos muitos visitantes que normalmente inundam estes espaços durante todo o ano.

De qualquer forma, com mais ou menos gente, o Palácio Nacional de Monserrate e o seu parque são sempre um lugar belíssimo para visitar!