a corrida

Sob o olhar atento dos júris da prova colocados de ambos os lado da linha de partida, estas aves bem concentradas e alinhadas na barra de saída aguardavam a todo o instante o soar do “apito” que as levaria a uma nova etapa do campeonato anual de rolas em voo.

No lado sul da pista, sobre as árvores, dois espectadores atentos assistiam ao desenrolar do evento. No lado norte da pista, um outro espectador – eu – captava esta foto e deliciava-se a imaginar a história.

Mas fica a narrativa por aqui…..de repente, sem qualquer razão aparente, todos os desportistas dispersaram, voando cada qual para o seu lado…

Quem ganhou?

Eu, sem qualquer dúvida, ao ficar com a imagem que hoje partilho e que sempre gosto de rever pela expressividade das aves-personagens desta história .

É pois com um algum humor e sempre com um enorme apreço por esta natureza que nos envolve, que desejo a todos um tranquilo e atento fim-de-semana! 🤗

monserrate

 

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De vez em quando Sintra e os seus detalhes, lugares e memórias passam discretamente por aqui. Sendo uma área que me é muito querida, todos os motivos são bons para a partilhar.

O post de hoje incide num dos três palácios nacionais existentes no perímetro da Serra de Sintra, mais especificamente o Palácio Nacional de Monserrate. Este, tal como outros equipamentos históricos e espaços envolventes, são geridos e valorizados desde 2000 pela Parques de Sintra-Monte da Lua, uma empresa que tem feito um trabalho de destaque na recuperação do património edificado e natural da região.

Este Palácio, tal como o parque adjacente, são um dos melhores exemplo do Romantismo português do séc. XIX. Mas não me alongarei sobre isso. Quem tiver interesse em saber mais, encontra muitos dados na sua descrição e história.

Apesar de restaurado já há alguns anos, não o tinha voltado a visitar. Por isso a memória ainda guardava imagens de muita degradação, sendo deveras agradável constatar o cuidado e atenção que orientaram esta intervenção.

 

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A entrada principal do Palácio no Torreão Sul

 

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Torreão Norte

 

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Pelo interior do Palácio

 

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O corredor central

 

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Detalhe dos estuques

 

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A sala da música com a sua belíssima cúpula

 

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Pormenores da cozinha

 

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O tronco da enorme Pohutukawa (Metrosideros excelsa) ou árvore-do-fogo que se encontra adjacente ao palácio

 

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Este magnifico e elegante relvado foi o primeiro a ser plantado em jardins portugueses

 

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Uma ruína…já construída para ser ruína!

 

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Pelo Vale dos Fetos

 

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Poderia incluir muito mais imagens, mas não pretendo ser exaustiva. Quero ser apenas um ponto de partida.

Visitar estes espaços e em particular a vila de Sintra ainda em tempo de pandemia foi uma surpresa e uma mais-valia.

Apesar de saber que os turistas são importantes para a economia do país, é muito mais agradável fazer estas visitas sem o movimento e o ruído a que estávamos habituados. A tranquilidade sentida na minha juventude instalou-se novamente… mesmo que por pouco tempo.

A verdade é que gostei disso, assumo, porque o romantismo de Sintra “penetra” melhor na pele e na alma com o silêncio e sem a presença dos muitos visitantes que normalmente inundam estes espaços durante todo o ano.

De qualquer forma, com mais ou menos gente, o Palácio Nacional de Monserrate e o seu parque são sempre um lugar belíssimo para visitar!

 

 

 

 

 

quinta dos azulejos

 

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A cultura, a arquitectura e o imaginário português estão muito associados ao azulejo, tradição importada pelos mouros e que teve grande desenvolvimento a partir do séc. XV.

D. Manuel I foi o primeiro monarca a apreciar devidamente essa arte, fazendo do Palácio Nacional de Sintra um dos primeiros locais onde eles foram usados, apesar de ainda importados de Sevilha.

Sendo um revestimento de baixo custo e com grandes possibilidades decorativas, rapidamente começou a ser produzido no nosso território e largamente aplicado. Primeiro prevaleceram os tons monocromáticos (principalmente o azul e o branco) e mais tarde os mais coloridos e a preferência por padrões mais repetitivos.

O que escrevi até aqui pretende apenas enquadrar melhor o tema do post e o jardim da Quinta dos Azulejos, espaço que recentemente visitei no âmbito do evento Jardins Abertos que decorreu em Lisboa. Localizada na zona do Paço do Lumiar esta quinta é actualmente ocupada, em conjunto com outras quintas adjacentes, pelo colégio Manuel Bernardes, uma grande escola privada da capital.

O jardim em causa revelou-se uma agradável surpresa. Insere-se na periferia de uma casa senhorial do séc. XVII que pertenceu ao ourives da casa real portuguesa António Colaço Torres. O seu interesse vem do facto de paredes, muros, bancos, colunas e outras estruturas serem integralmente cobertos por azulejos com temáticas variadas como cenas mitológicas, cenas bíblicas ou galantes, animais exóticos, etc.

As imagens não transmitem a real beleza do espaço, mas dão uma ideia do seu colorido e personalidade, para o qual também contribuem os tons outonais das lindíssimas vinhas virgens que ocupam as paredes e muitos recantos.

 

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Termino com dois detalhes que achei muito interessantes e que, na minha perspectiva, revelam o “espírito azulejar” que ali se respira. Resulta certamente de um trabalho de sensibilização do colégio para o espaço onde se insere e para a importância do espólio que detêm. Estes painéis foram muito provavelmente elaborados pelos alunos em aulas de Educação Visual.

 

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Se algum dos meus leitores tiver interesse em saber mais sobre este espaço, encontra muita informação na Internet e quiçá, até a possibilidade de uma visita ao local!

 

 

 

 

vida aventura

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Há quem aprecie insectos e quem os deteste.

Eu gosto, numa relação inversamente proporcional ao gosto que eles demonstram pela minha pele. É claro que uns são mais interessantes do que outros mas, na generalidade, aprecio a sua leveza, subtileza, resistência, função e, em muitas espécies, a beleza.

Muito recentemente, um insecto diferente dos habituais decidiu entrar em minha casa. Era noite quando o encontramos na dispensa e, parecendo morto, ficou sobre a mesa a fim de o observar melhor no dia seguinte.

De manhã, bem vivo, passeava tranquilamente na superfície onde o deixara. Percebi que era bonito, mas só a sessão fotográfica que se seguiu revelou a textura e as cores metalizadas do seu corpo. Algumas pesquisas realizadas levam-me a supor que se tratava de uma Chrysolina americana Linnaeus, 1758

Depois….

…transportado numa pequena caixa levei-o cuidadosamente para um jardim e depositei-o num canteiro com flores. Não sei se o local foi do seu agrado ou se terá ficado aborrecido pelo facto de eu contrariar o seu esforço na busca de um tecto…

…contudo, não tenho dúvida que escolheu a habitação certa para tal aventura. Para além de encontrar gente amigável que lhe poupou a vida e o apreciou, ainda foi fotografado e irá perdurar num post, algures no éter…na “nuvem”…ou por aí…

Até na vida de um insecto, há dias em que as energias e o destino estão de acordo!

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o olhar da natureza

 

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A Natureza é poderosa e sábia.

Acredito que de uma forma silenciosa controla as nossas acções, reagindo na devida altura para se defender e equilibrar.

Aqui e ali terá os seus observadores capazes de captar com a sua sensibilidade a nossa (in)sensibilidade, dados que lhe chegarão de uma forma que desconhecemos. Na altura devida, decidirá onde, quando e como actuar na tentativa de restabelecer o equilíbrio necessário.

Ao encontrar este olhar no tronco de uma árvore, imaginei estar perante um desses seres silenciosos e mágicos. Só poderia ser um desses seres!

Magia aparte….

…o “olhar” pertence à Brachychiton acerofolius ou Árvore do Fogo que se encontra no Jardim Botânico do Porto, mais precisamente no espaço que envolve a Galeria da Biodiversidade/Centro de Ciência Viva, o segundo pólo do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

Esta Galeria, a que aconselho vivamente uma visita, ocupa a Casa Andresen, aquela que foi a habitação dos avós da poetiza Sophia de Mello Breyner Andresen e que a acolheu em muitos períodos da sua infância. Quer a casa quer os jardins inspiraram Sophia em muitos dos seus contos e poemas.

Numa altura em que se iniciam as comemorações do centenário do nascimento desta escritora (1919 – 2004), quer a casa quer o jardim serão palco de eventos e referências. A par disso, no espaço temporal que se situa entre a Primavera e o Verão, a Árvore do Fogo irá florir, espalhará novamente a sua beleza e cativará muitos olhares. Mas o seu olhar, este olhar que aqui partilho e nos questiona é intemporal e está ali todos os dias.

Não sei a história nem a idade desta árvore, mas gosto de imaginar que é a guardiã daquele jardim. E acredito que, se existisse desta forma há um século, poderia facilmente tornar-se numa fonte de inspiração para Sophia.

Essa ideia torna-a ainda mais bonita!

 

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A natureza é realmente espantosa em seus detalhes!

Não concordam?