Não recordo o local onde recolhi estas folhas no último Outono. Sei apenas que foi em solo lusitano e que me cativaram pelos tons que então possuíam. Levei-as para casa e coloquei-as numa taça, onde acabaram de secar, uniformizar a coloração e aí ficar.
Passou o Outono…
…e depois o Natal e o Inverno…também a desejada Primavera e um estranho Verão….e há poucos dias, ao passar o meu olhar sobre elas consciencializei que um novo Outono estava a chegar…novamente…e com ele mais um ciclo de tempo. No meu tempo, no tempo de todos nós… e também destas folhas…
Destas velhas folhas que chegaram a um novo Outono!
O meu pensamento seguiu de imediato para a árvore-mãe de onde terão caído, estrutura viva que as viu nascer e crescer, e que as protegeu e alimentou. Neste momento, ela terá folhas semelhantes exactamente no local de onde estas partiram…
E então divaguei…
…terão as árvores saudades das folhas que partem dos seus ramos em cada Outono?
…sentirão a sua falta?
…será que, ao entrarem na dormência do Inverno, simplesmente esquecem essas filhas-voadoras?
…e mais tarde, quando “acordam” grávidas de Primavera, estará toda a sua energia e foco apenas nos novas rebentos e nas folhas que vão nascer?
…haverá algum laivo de nostalgia do passado?
…
É no silêncio deste divagar outonal que desejo aos meus leitores uma tranquila mudança de estação, seja para o recolhimento do Outono ou para a expansão Primaveril.
E a estas velhas folhas, fica a promessa que no Outono que hoje se iniciou irão continuar o seu caminho. Por aí, num voo em dia de vento. Quem sabe…talvez até encontrem as suas mais recentes “irmãs de berço!