voltando ao pi………..

No meu dicionário de português as palavras iniciadas por “Pi” ocupam cerca de dezasseis páginas entre substantivos/nomes, adjectivos, verbos, advérbios, etc., todas com um significado mais ou menos objectivo e por nós compreensível.

A excepção será a palavra “Pi”, a primeiríssima dessa lista e de todas a mais desafiadora, pelo menos para mim. Aliás, até já lhe dediquei um poema faz hoje precisamente cinco anos, no chamado “Dia do Pi” que hoje também se comemora.

Como a maioria de nós saberá, “Pi” é o nome masculino que é dado à letra grega π, e aquele símbolo que em matemática indica o número que resulta da relação entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência.

Ela será a mais pequena palavra dessas dezasseis páginas do dicionário… mas curiosamente consegue ser a maior e aquela que viaja e viaja por aí, já que poderíamos levar a nossa vida a “saltitar” sobre cada um dos seus números… um a seguir ao outro…e nunca veríamos o seu final. O nosso fim chegaria, mas o final do 3,14159265358979323846……nunca passaria de uma miragem.

Definitivamente, gosto do “Pi”. E gosto porque sempre me faz pensar… porque na sua essência está associado à forma geométrica que mais me atrai (o círculo)…e ainda pela ideia de imensidão ou de infinita dimensão que nunca o larga.

Vejo-o como uma inócua ponte incompreensível que, a par de outros detalhes, facilmente me levam a “fugir” deste incompreensível planeta que habito/habitamos.

(uma vez que o desenho que fiz para o post de 2019 transmite bem o meu sentir, volto hoje a partilhá-lo)

detalhes sentidos

Neste caminhar, todos passamos por momentos em que nos sentimos enredados/envoltos numa série de circunstâncias que nos perturbam, comprometendo o nosso olhar sobre o mundo e até a nossa forma de estar.

Cada um reagirá de acordo com a sua estrutura no sentido de clarificar e ultrapassar essa situação, mas uma coisa é certa: no meio dessa desordem sempre há detalhes, atitudes ou palavras que nos tocam se estivermos receptivos e que poderão ser uma ajuda, mesmo que indirecta. No fundo, funcionam como provas de afecto e até de confiança.

No centro da imagem acima está uma lâmpada ainda apagada. Um círculo. Simbolicamente um de nós. Num primeiro olhar, envolve-a uma “rede perturbadora” e confusa composta de muito ramos. Porém, se olharmos com mais atenção, alguns desses ramos podem ser vistos como um apoio, afago ou consolo, algo que discretamente nos pode ajudar. Na imagem serão especialmente os ramos inferiores e mais horizontais que transmitem esse sentir, essa espécie de aconchego visual e afectivo ao elemento central.

Em breve, como sempre se deseja, haverá um desanuviamento, uma resposta, uma clarificação e, quiçá até uma sublimação do que nos perturba para algo mais positivo….e o tal “elemento central” voltará a encontrar a energia e a ter a sua luz. Voltará ao desejado equilíbrio.

experimentações #20

Ainda no âmbito das colagens…

…partilho hoje estes três trabalhos, sendo os dois últimos técnicas mistas uma vez que foram complementados com tinta/pintura.

Em comum têm o círculo, forma que muito aprecio por diversas razões, mas que aqui aparece associada ao planeta que habitamos e à problemática ambiental, algo que já nessa época me preocupava e preenchia alguns dos meus pensamentos.

(Dulce Delgado, papel, aguarela e tinta-da-china sobre papel, 1992/93)