desenho/sketch

 

Na infância, professores e pais “presentearam-nos”com uma ideia que nos programou para a vida: tu tens jeito para o desenho ou tu não tens jeito para o desenho. Na prática, fomos “etiquetados” e, inconscientemente, integramos esse carimbo como um dado adquirido. Porém, e erradamente, ele parte da premissa que existe uma fronteira entre o ter e o não ter jeito, sem considerar que o acto de desenhar é uma progressão, um caminho a percorrer e um percurso semelhante ao da nossa vida, com avanços, recuos, dificuldades e vitórias.

Desenhar é orientar a nossa energia para um determinado objectivo. É aprender a ler com as mãos e com o olhar. Este processo assemelha-se muito ao de aprender a ler e a escrever, mas em vez de letras, constroem-se formas.

Uns têm o olhar mais educado, pelo que chegam lá mais depressa, já que a mão, mais tarde ou mais cedo vai fazer o que o olhar lhe diz; outros têm que educar o olhar, mas também a mão. É uma questão de tempo, de treino e, principalmente, de não desistir. Aceitando estes princípios, basta tentar e todos poderão lá chegar.

Neste momento, alguém vai estar a pensar: “tretas, eu sei que não tenho jeito para o desenho!” E eu acrescento: não, o que acontece é que nunca te deste ao trabalho de perceber o que tens dentro de ti! Encaixaste o que te disseram e nunca quiseste provar a ti próprio o contrário. Nunca te interessou perceber o processo, mesmo que possas ser uma daquelas pessoas que dizem a si próprios “gostava tanto de saber desenhar!”

Foi seguindo esta linha de pensamento, na qual acredito totalmente, que construí este post. Para tal vou recorrer ao que sinto e tenho aprendido com os anos, mas também ao que um autor com experiência neste campo, Danny Gregory, transmite no seu interessante livro The creative license – giving yourself permission to be the artist you truly are, que tem a capacidade de nos entusiasmar e que nos dá ferramentas para partir à descoberta das nossas capacidades criativas.

Seguem-se algumas ideias fundamentais para quem quiser descobrir-se neste campo:

– não há desenhos maus;

– desenhos são experiências;

– quanto mais desenhas, mais experiência terás;

– aprenderás mais com as experiências más e imprevisíveis, do que com as outras que saíram bem e tal como planeaste;

– liberta o teu ego da ideia de perfeição (talvez o mais difícil!)

– arrisca-te;

– desenha tanto quanto puderes e sempre que puderes;

– utiliza todos os papeis ou outros suportes que tiveres à mão. Se utilizares um caderno, não arranques as folhas, pois o que lá fizeste, mesmo que aches muito mau, pode ser-te útil;

– usa uma caneta e não um lápis, para não apagares nenhuma das tuas linhas. São essas que te vão ensinar a fazer melhor e a aprender;

– se te apetecer, põe algum detalhe nos teus desenhos, mas não o completes. O resto é com a imaginação;

– desenha também coisas difíceis, daquelas que pensas logo que não vais conseguir. Um dia serás capaz de as fazer;

– utiliza a caneta e os dedos para facilitar as proporções e os ângulos;

– não falhes à medida que continuas. Desenha qualquer coisa todos os dias, não interessa se o desenho é pequeno ou grande;

– bastam poucos minutos para fazeres qualquer coisa! Funciona como a ida diária ao ginásio, só que aqui exercitas outras estruturas;

– na tua casa tens centenas de objectos que podes desenhar e para os quais nunca olhaste devidamente;

– se quiseres, guarda os teus desenhos, para depois comparares e veres como a evolução é evidente; mostra-os aos outros e aceita qualquer critica com um sorriso!

– com o tempo começarás a desenhar com o olhar; e mesmo sem caneta, vais estar atento às formas;

E para terminar:

Não “olhes” para o futuro, nem cries expectativas. Vai simplesmente em frente!

 

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6 thoughts on “desenho/sketch

      1. É verdade…foi um grande mestre, lembrei sempre os seus ensinamentos ao longo da minha vida.

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  1. Pingback: sabes desenhar?

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