inverno

A buganvília que vive em minha casa floresce quando lhe apetece. Este ano o Outono também foi tempo de floração, enchendo de cor o espaço que habita junto a uma janela. Porém, nesta altura do ano essa janela é muitas vezes fechada devido ao frio e à chuva, o que lhe causa certamente alguma tristeza como planta de exterior que é.
Foi esse o sentimento que esta imagem despertou em mim, num dia cinzento, frio, chuvoso… e de janela fechada! Fiz-lhe um afago e pensei “Ok…se floriste no Outono e o crescimento não parou…não pode ser grave! Há dias assim!”.

Novo pensamento:

A chegada do Inverno ao hemisfério norte neste ano totalmente atípico e de menos afectos, levará provavelmente a uma maior interiorização, a mais momentos de melancolia e a uma evidente diminuição da energia.
Apesar da meteorologia ter muita influência nesse processo, creio que este ano será sobretudo a pandemia a funcionar como “algo invisível e frio” que nos afasta do mundo e impede o calor humano.

Recorrendo a uma metáfora e à imagem acima diria que, tal como a minha buganvília, também nós…

…estamos perante uma “barreira invisível” e limitativa que nos separa do mundo
…o cansaço dessa situação leva a momentos de alguma tristeza
…apesar desse cansaço, continuamos a encontrar energia para viver e lutar
…sabemos que no outro lado dessa barreira estará uma saída e a liberdade
…que a esperança é algo poderoso e que a mudança sempre acontece
…e que a “janela”, mais tarde ou mais cedo se abrirá novamente!

E é com esta imagem que mistura tantos sentimentos que vos desejo um Inverno de esperança, de resiliência e apesar de tudo, sempre de gratidão!

Semelhante desejo dirijo aos meus leitores do hemisfério sul que hoje receberam o quente Verão…mas seguramente com alguns sentimentos análogos aos descritos!

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25 thoughts on “inverno

  1. Teu texto e tua imagem – teus minimalismos me deixam sem palavras – introduzem uma imensa interiorização nesses opostos sul/norte, que hoje se encontram e se procuram e mais que isso se precisam. Sejam essas estações aqui e aí um ponto de encontro sempre nessa rotina que saberemos vencer. Muito delicado, sensível, humano post, com uma imagem extraordinária e profunda. Abraço carinhoso de feliz natal, Dulce, pra ti, tua família e para o pequeno Vasco.

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    1. E esse tipo de energia e sentir que o mundo precisa sobre ele, que deve persistir em cada um de nós apesar das circunstâncias que vivemos.
      O Fernando captou muito bem o sentido do post e agradeço isso porque, de certa forma, o complementou.
      Retribuo os votos e o abraço carinhoso, e em simultâneo vai o meu sincero desejo que o ano de 2021 seja para o Fernando um tempo mais fácil e de um reequilíbrio sempre necessário quando é a saúde que está mais frágil. Mas o Fernando é positivo e ajudará muito.
      Um abraço e tudo de bom!

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  2. O Fernando foi além do infinito e deu uma volta. Assim fica difícil comentar depois desta expressão tão vívida do seu texto, Dulce, ou melhor, de mais uma obra prima sua.

    Que a florzinha a relembre todos os dias o quanto a vida pode nos surpreender positivamente; feliz novo ciclo para você e o seu ninho.

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    1. Realmente o Fernando fez uma excelente leitura do post e expressou-a bem no comentário. Mas como todos os comentários são aqui recebidos de braços abertos, agradeço as palavras e a ideia transmitida através da “florzinha” que eu tanto aprecio, e que já ganhou o estatuto de elemento da família deste nosso “ninho”!
      Muito obrigada, Lara. Um abraço.

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  3. Há uma buganvília de grandes abraços nas traseiras de minha casa e creio que floresce em maio e depois, mais timidamente, no Outono. E também este ano, a natureza não sabe de pandemias e respeita o calendário. E assim com a sua buganvília que, por certo só por amor a si medra por detrás de vidros. As buganvílias gostam dos pés na terra, espaço, muito ar livre e um encosto seguro para subirem e crescerem, crescerem.
    Desejo-lhe também um bom Natal. Com saúde. E a certeza de que não há mal que sempre dure. Talvez 2021 seja um princípio de mundo.

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    1. Como a Bea tão bem descreve, as buganvílias precisam de espaço e ar livre. Daí a surpresa que tem sido a adaptação da minha desde meados de 2016. Eu sempre pensei que ela não resistiria. Mas gostou de nós, caiu, sobreviveu e está feliz, apesar de estar em casa e com as raízes presas num vaso.
      Tenho muitas plantas em casa, dedico-lhes bastante tempo e todas gostam de lá estar. Basta só perceber o que precisam e onde se sentem melhor. Contudo, com a buganvília, o processo foi diferente, pois só poderia estar num sitio. Mas ela adoptou-o e adoptou a familia, a nossa e a vegetal que lá existe. E está feliz!
      Muito obrigada Bea. Agradeço e retribuo os votos de Boas Festas. E credito também que 2021 será um ano melhor para todos e para o mundo.

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    1. Muito obrigada Emanuel. Retribuo as suas palavras e o desejo que nesse lado do Atlântico este período natalício seja envolto no que mais deseja, seja para si seja para os seus. E obviamente em saúde, afinal aquele item cuja ausência conseguiu desequilibrar este mundo em 2020!
      Um abraço e tudo de bom.

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  4. Recebo o seu texto e mensagem de hoje, Dulce, como bom presságio em face da calorosa estação do ano que aqui se inicia, incentivo a mais para a renovação das esperanças que tanto estamos a necessitar. Grato e parabéns pelo post!

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    1. Pois é filha, o Vaquinho vai dando a a entender que prefere os dias azuis e de sol aos cinzentos e nublados. Se calhar vai exigir mais alguma paciência durante o Inverno que agora começa…mas essa paciência faz parte das aprendizagem da maternidade!
      Quem tem filhos…tem obrigatoriamente que ter dose dupla de paciência!!
      Bjs e obrigada!

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  5. … que todos continuaremos a florir como a sua bela buganvília.
    Que beleza de texto com tanta esperança e carinho.
    Um feliz natal, Dulce, a si e aos seus, muita saúde, paz, amor e esperança.
    Beijinho grande e abraço bem forte neste clima frio pelo qual passamos.

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    1. Apesar de termos entrado num período de latência da vida e das energias, estamos rodeados de detalhes belos vivos e coloridos. Se repararmos neles, o Inverno fica bem mais doce e simpático!
      Obrigada e desejo também tudo de bom para a Irina e família!

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  6. Dulce, começam a faltar-me adjectivos para comentar os seus textos, sempre tão agradáveis. Uma vez mais, as comparações e metáforas que compõe são de uma perspicácia e inteligência incomparáveis. A nossa imaginação – dos seus leitores – agradece-lhe, porque nos faz pensar e estimular a criatividade.
    Nesta época, resta-me desejar-lhe um feliz Natal na companhia dos que mais gosta!
    Um beijinho!

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    1. Que palavras simpáticas! E como todos nós, também eu fico feliz quando o que escrevo agrada e tem retorno. Por isso, muito obrigada!
      Desejo igualmente que esta época festiva seja de paz e com tudo o que o Miguel deseje para si e para a sua família. Um abraço!

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  7. Texto reconfortante e agradável de ler, quando o tempo melhorar vai ser altura de voltar a abrir a janela :p Onde moro as buganvílias não gostam do frio e secam parcialmente com o gelo. Certamente a tua buganvília está contente a observar o mundo exterior através do vidro (risos) Boas Festas!!!

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    1. Tal como muitos de nós, também esta buganvília se adaptou a uma situação menos comum e consegue ser feliz assim.
      Realmente ela não aprecia a janela fechada…mas a vida nunca é perfeita, não é?
      Muito obrigada e retribuo os votos de Boas Festas!

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  8. A Dulce escreve muito bem!
    Discretamente é um prazer ler os seus textos.
    Somos seres fantásticos pois tentamos sempre dar a volta, com esperança e adaptação.
    Que seja um inverno de transformações.
    Uma boa noite!

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  9. Analogia perfeita, apesar, de eu ainda não conhecer sua terra e a Europa como um todo, consegui praticamente, por suas palavras, passear por sua terra e até tomar um café em sua casa, vendo o comportamento quase humano desta linda flor…
    Agraciado final de ano, Dulce.

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    1. Mais importante que o lugar físico ou da estação do ano, creio que nas circunstâncias actuais estamos todos bastante perto no ” lugar das emoções” e naquilo que estamos sentindo. Mas, sem dúvida, estamos todos num tempo de esperança de melhores tempos. A té a minha flor o sabe!
      Muito obrigada e desejo um Feliz Natal!

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