boa páscoa!

Esta coelhinha é a mais bem vestida e comportada da minha colecção.😉

Sempre preparada para a festa, é nesse estatuto que vem ao Discretamente desejar a todos uma Páscoa feliz e que esta época seja vivida em paz, seja qual for a crença e sensibilidade de cada um.

A essa mensagem eu poderia acrescentar muito mais. Porém, limito-me a desejar que as energias nascidas deste tempo de renovação e partilha sejam um factor de equilíbrio e permitam algum “bom senso” a este estranho mundo.

Boa Páscoa!🐇

o namoro…

A primavera empolga corações, ternuras e vontade de procriação. Basta estar um pouco atento para encontrar as diferentes espécies cumprindo aqueles rituais que, mais tarde ou cedo, levarão ao acasalamento. Insectos e aves, aqueles mais facilmente observáveis por estes dias, andam em grande frenesim.

Hoje partilho um casal de pombos – aves que pouco aprecio por serem demasiado intrusivas do nosso espaço – mas que são uns verdadeiros “pinga-amores” no acto de namorar.

O empenhamento deste par era mútuo e ambos tomavam a iniciativa neste vai-vem de avanços, recuos, ternuras e carinhos. Na verdade não consegui perceber bem qual seria o macho ou a fêmea…

Observá-los foi realmente um delicioso momento.

Depois continuei o meu caminho e deixei-os na sua privacidade…🧡

Gosto destes laivos de ternura que animam o olhar e especialmente esta cinzenta e chuvosa primavera dos últimos dias!🤗

nova primavera!

Como todos os meus leitores portugueses bem sabem, o manjerico é uma planta com tradição nos festejos dos Santos Populares que ocorrem por todo o país no mês de Junho, sendo muitas vezes comercializados em vasos decorados com uma flor de papel e uma quadra amorosa.

Sendo uma planta da família das aromáticas espalha um maravilhoso aroma em especial quando se afaga as suas folhas. O seu ciclo de vida é anual, período que se inicia na Primavera, atinge o auge no Verão e termina no Outono após espalhar as sementes. Depois normalmente morre.

Na minha vida creio que tive dois ou três manjericos, mas nunca os apreciei muito pelo facto de durarem menos de um ano. Gosto de plantas que seguem comigo pela vida e que me permitem ver as estações do ano acontecerem ciclicamente. Além disso, verdade seja dita, também não ligo muito aos festejos dos Santos Populares…

No Verão passado – e sem querer entrar em mais detalhes – encontrei num lixo um pequeno manjerico já bastante murcho e com algumas hastes partidas. Uma dor de alma. Agarrei nele e levei-o para minha casa. Mudei a terra e o vaso e começamos a tratá-lo com todo o cuidado. No Outono, ainda deu algumas sementes e depois secou gradualmente….excepto uma única haste, que se manteve viva apesar de pequena e débil.

No início de Fevereiro – portanto em pleno inverno – começou a crescer e assistimos ao aparecimento de muitas pequenas folhas que continuaram em franco desenvolvimento. E há poucos dias ficamos espantados quando lhe descobrimos algumas flores brancas. Está bonito e feliz, apesar de ser uma pequena “aberração” no mundo dos manjericos se o compararmos com os que são comercializados, todos redondinhos e perfeitos.

Quando o observo vejo-o como um verdadeiro sobrevivente. Não morreu no Outono como seria expectável e resolveu crescer e dar flor no Inverno. Perante isto, e sendo o seu futuro uma incógnita, são vários os pensamentos que me surgem:

–  será a sua actual vitalidade uma forma de agradecimento por o termos tirado do lixo e de uma morte precoce?

– foram os eficientes “cuidados intensivos” que teve que o impediram de morrer totalmente no Outono e contrariar as leis da natureza?

– serão as evidentes alterações climáticas e esta irregular mistura de estações do ano que permitiram a sua sobrevivência?

– ?

Talvez a resposta seja um pouco de todas estas hipóteses. Ou talvez não.

O que eu sei é que o seu trajecto simboliza esperança, continuidade, força, vida e futuro, ideias a que sempre associamos a Primavera, a estação do ano que hoje começou neste hemisfério norte às 03h 07m da madrugada.

É com a partilha da história deste manjerico lutador e cheio de vontade de viver que desejo a todos uma boa Primavera. A todos vós e muito especialmente a este mundo.

(E desejo um bom Outono a todos aqueles que o hoje o receberam!)

A segunda imagem foi retirada de 
https://www.publico.pt/2022/06/11/azul/noticia/onde-vem-manjerico-tornou-simbolo-santos-populares-2009635#&gid=1&pid=1

relógios sem tempo

Em Maio de 2022 publiquei um post sobre a Erva-relógio ou Agulheira-moscada (Erodium moschatum), uma planta cujas características sempre me fazem recuar no tempo….voltar à infância… e à brincadeira que ela então desencadeava.

Recentemente num passeio pelo campo encontrei uma grande área com esta espécie vegetal. Creio que foi a primeira vez em que as vi em tanta quantidade e concentração. Sendo muitas e em diferentes fases de desenvolvimento, foi possível fotografá-las em vários estádios de maturação.

Assim, se a imagem acima mostra sobretudo a área onde as encontrei, nas duas que se seguem dá para perceber que ao lado de muitas ainda verdes ou em floração (flores lilás), estavam outras com as sementes bem maduras ou já sem elas.

Nas duas fotos que se seguem as sementes estão prestes a sair, precisamente naquela fase em que normalmente as apanhávamos a fim de as colocar na nossa roupa e assistirmos ao movimento de rotação que sempre acontece quando a ponta da semente fica livre. Ao espetarmos a base na roupa, era a ponta mais fina que enrolava. Isso era lindo e mágico !

Por último, aquela que é de longe a imagem mais interessante deste conjunto por mostrar algo que eu nunca observara: uma série de sementes ainda agarradas à planta-mãe pela extremidade mais fina, estando esse movimento de rotação a ser feito pelo lado que tem a semente. E o mais engraçado é que algumas ainda rodavam, mesmo que muito devagar, o que significa que a separação era recente.

Depois de soltas ficariam naquele solo ou, por serem muito leves, voariam naturalmente com o vento.

Cheguei então à conclusão que nunca tinha olhado verdadeiramente para a erva-relógio em toda a sua plenitude e dinâmica. Em criança, o único objectivo era retirar as sementes da planta e observá-la fora do seu contexto pois, só assim, pensávamos nós, poderíamos apreciar o movimento daqueles ponteiros mágicos que a natureza oferecia. Afinal estava errada, pois o processo também decorre na planta, só que pelo lado oposto.

Estamos sempre a aprender!

Uma boa semana para todos!🤗

voltando ao pi………..

No meu dicionário de português as palavras iniciadas por “Pi” ocupam cerca de dezasseis páginas entre substantivos/nomes, adjectivos, verbos, advérbios, etc., todas com um significado mais ou menos objectivo e por nós compreensível.

A excepção será a palavra “Pi”, a primeiríssima dessa lista e de todas a mais desafiadora, pelo menos para mim. Aliás, até já lhe dediquei um poema faz hoje precisamente cinco anos, no chamado “Dia do Pi” que hoje também se comemora.

Como a maioria de nós saberá, “Pi” é o nome masculino que é dado à letra grega π, e aquele símbolo que em matemática indica o número que resulta da relação entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência.

Ela será a mais pequena palavra dessas dezasseis páginas do dicionário… mas curiosamente consegue ser a maior e aquela que viaja e viaja por aí, já que poderíamos levar a nossa vida a “saltitar” sobre cada um dos seus números… um a seguir ao outro…e nunca veríamos o seu final. O nosso fim chegaria, mas o final do 3,14159265358979323846……nunca passaria de uma miragem.

Definitivamente, gosto do “Pi”. E gosto porque sempre me faz pensar… porque na sua essência está associado à forma geométrica que mais me atrai (o círculo)…e ainda pela ideia de imensidão ou de infinita dimensão que nunca o larga.

Vejo-o como uma inócua ponte incompreensível que, a par de outros detalhes, facilmente me levam a “fugir” deste incompreensível planeta que habito/habitamos.

(uma vez que o desenho que fiz para o post de 2019 transmite bem o meu sentir, volto hoje a partilhá-lo)

afectos com cor

Não é por acaso que uma buganvília faz parte da imagem do Discretamente e esta, especificamente, já foi alvo de outros posts por estar comigo desde que iniciei o blog. Apesar de ser uma planta de exterior sempre viveu no interior junto a uma janela e, com mais ou menos flores, anima aquele recanto e já faz parte da família.

Voltando ao presente…

…a chuva, o vento e o frio têm preenchido com intensidade este final de inverno lusitano, sendo o cinzento a cor que quase diariamente esta janela nos tem oferecido. Sinto-o mais ao fim-de-semana quando estou em casa durante o dia e a disponibilidade do olhar é maior.

Realmente não aprecio os dias cinzentos e sem sol. E a minha buganvília, sendo uma planta solar ainda os apreciará muito menos do que eu. Porém, ao vê-la neste sábado cheia de cor a “olhar” para o neutro cinzento e chuvoso do dia não resisti a estar algum tempo com ela… a fotografá-la calmamente…e a agradecer a cor, a boa energia e a “luz” que sempre oferece, especialmente nestes dias.

Há oito anos que aquele recanto é o seu lugar. Apesar de um início bastante acidentado – como então partilhei neste post – não desistiu de estar connosco. Nós gostamos dela e ela só pode gostar da nossa companhia.

É um “afecto com cor” que sabe muito bem!🌺

sotaques

Não é a pequena dimensão de Portugal continental e insular no contexto do planeta que nos impede de ter uma grande diversidade de tudo, mas também de modos de falar, os ditos sotaques que variam de região para região ou, inclusivamente, até dentro duma mesma região.

Sobre isso vou hoje divagar, partindo da história de duas irmãs que há quase cinquenta anos deixaram o sul de Portugal e rumaram a Lisboa, cidade onde ainda permanecem.

Hoje, uma das irmãs – que é uma grande conversadora – nunca é alvo de perguntas mais pessoais sobre a sua origem pois logo se adaptou à forma de falar dos nativos da capital; já a outra irmã, que é bastante menos faladora, sempre que o faz junto de alguém que ainda não a conhece, sabe que muito em breve ouvirá a seguinte pergunta padrão: “é algarvia?”…ou… “é açoreana?” ……ou, muito mais raramente…. “é alentejana?

Esta segunda irmã sou eu, esta vossa interlocutora, nascida no Baixo Alentejo, região onde viveu até aos 6 meses, sendo a infância e a juventude passadas no Algarve. Aos dezassete anos rumou a Lisboa, onde criou raízes e filhos, adaptando-se a tudo… menos ao modo de falar!

Não me incomoda absolutamente nada o facto de manter um certo sotaque algarvio quase cinquenta anos depois de lá ter saído. Aliás, até acho muita piada à situação. Certo é que apenas o percebo quando ouço a minha voz gravada. Já não uso palavras ou termos típicos da região, mas mantenho a entoação… o cortar algumas vogais…alterar o som de silabas ou ditongos, etc. Diria que é uma forma peculiar de falar algarvio, mas logo percebida pelos outros.

Muito pontualmente questiono-me sobre o porquê de não ter adoptado o modo de falar da capital como o fez a minha irmã em tão pouco tempo. E as perguntas que me surgem são:

– Será uma rejeição inconsciente à mudança para Lisboa?

– Será que o facto da minha sensibilidade não estar propriamente centrada na audição/ouvido, levou a que não tenha “entendido/ integrado” as nuances que caracterizam a forma de falar da capital? Ou seja, lá bem no fundo, será que nunca os ouvi realmente com atenção?

– Sempre tive alguma dificuldade em aprender línguas estrangeiras, especialmente a parte da conversação. Estará tudo relacionado com isso?

– Ou será que nos “genes” da minha irmã prevaleceu a origem lisboeta do nosso pai e nos meus a origem algarvia da nossa mãe?

Sei que continuarei sem respostas…a perguntas que realmente não são importantes. Assim como sei que, se não tivesse o Discretamente, não estaria a divagar sobre este assunto. Ele questiona-me…e eu não posso dizer que não!

Sinto este meu modo de falar como uma espécie de “impressão digital sonora” tal como outros detalhe fazem parte da minha “impressão digital visual”. Já não irei mudar e sei que até ao fim desta terrena caminhada “espalharei” por aí esta peculiar sonoridade que mistura Alentejo…Algarve…Lisboa…..

Como eu gosto de dizer: se não me deixei ”apanhar” em 49 anos…não tenho qualquer dúvida que tal já não irá acontecer!

Porém, gostava de perceber…..

Mapa retirado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal_Continental#/media/Ficheiro:Comunidades_intermunicipais.png