voando com o olhar…

Voam as gaivotas
diante do meu olhar,
sobre a terra
rasando o rio
talvez desejando o mar.

Em cada voo
lento e planado
voa o meu sentir
e a vontade
de as seguir
em plena liberdade…

…desejo
friamente cortado
por uma sólida
e transparente
janela
com vítrea crueldade!

(apesar de “cruel”, aquela janela é um libertador escape na rotina do emprego!)

criativo detalhe

Utilizar uma garrafa de azeite é um gesto do quotidiano a que não damos grande atenção.

Foi por acaso que reparei no código de barras inserido no rótulo do azeite português que normalmente consumo e gostei imenso do que vi.  Um criativo designer teve a feliz ideia de transformar o indecifrável conjunto de riscos verticais do obrigatório código de barras numa imagem deliciosa e irreverente que logo nos conduz para o ambiente em que aquele precioso líquido foi produzido, neste caso o Alentejo.

É provável que haja outros produtos com ideias semelhantes, mas normalmente não ando a olhar para esse hermético detalhe.

Certo é que a partir de agora estarei mais atenta. Quem sabe, talvez tenha uma nova surpresa!😉

Desejo a todos um bom fim-de-semana!🤗

boa páscoa!

Esta coelhinha é a mais bem vestida e comportada da minha colecção.😉

Sempre preparada para a festa, é nesse estatuto que vem ao Discretamente desejar a todos uma Páscoa feliz e que esta época seja vivida em paz, seja qual for a crença e sensibilidade de cada um.

A essa mensagem eu poderia acrescentar muito mais. Porém, limito-me a desejar que as energias nascidas deste tempo de renovação e partilha sejam um factor de equilíbrio e permitam algum “bom senso” a este estranho mundo.

Boa Páscoa!🐇

o namoro…

A primavera empolga corações, ternuras e vontade de procriação. Basta estar um pouco atento para encontrar as diferentes espécies cumprindo aqueles rituais que, mais tarde ou cedo, levarão ao acasalamento. Insectos e aves, aqueles mais facilmente observáveis por estes dias, andam em grande frenesim.

Hoje partilho um casal de pombos – aves que pouco aprecio por serem demasiado intrusivas do nosso espaço – mas que são uns verdadeiros “pinga-amores” no acto de namorar.

O empenhamento deste par era mútuo e ambos tomavam a iniciativa neste vai-vem de avanços, recuos, ternuras e carinhos. Na verdade não consegui perceber bem qual seria o macho ou a fêmea…

Observá-los foi realmente um delicioso momento.

Depois continuei o meu caminho e deixei-os na sua privacidade…🧡

Gosto destes laivos de ternura que animam o olhar e especialmente esta cinzenta e chuvosa primavera dos últimos dias!🤗

nova primavera!

Como todos os meus leitores portugueses bem sabem, o manjerico é uma planta com tradição nos festejos dos Santos Populares que ocorrem por todo o país no mês de Junho, sendo muitas vezes comercializados em vasos decorados com uma flor de papel e uma quadra amorosa.

Sendo uma planta da família das aromáticas espalha um maravilhoso aroma em especial quando se afaga as suas folhas. O seu ciclo de vida é anual, período que se inicia na Primavera, atinge o auge no Verão e termina no Outono após espalhar as sementes. Depois normalmente morre.

Na minha vida creio que tive dois ou três manjericos, mas nunca os apreciei muito pelo facto de durarem menos de um ano. Gosto de plantas que seguem comigo pela vida e que me permitem ver as estações do ano acontecerem ciclicamente. Além disso, verdade seja dita, também não ligo muito aos festejos dos Santos Populares…

No Verão passado – e sem querer entrar em mais detalhes – encontrei num lixo um pequeno manjerico já bastante murcho e com algumas hastes partidas. Uma dor de alma. Agarrei nele e levei-o para minha casa. Mudei a terra e o vaso e começamos a tratá-lo com todo o cuidado. No Outono, ainda deu algumas sementes e depois secou gradualmente….excepto uma única haste, que se manteve viva apesar de pequena e débil.

No início de Fevereiro – portanto em pleno inverno – começou a crescer e assistimos ao aparecimento de muitas pequenas folhas que continuaram em franco desenvolvimento. E há poucos dias ficamos espantados quando lhe descobrimos algumas flores brancas. Está bonito e feliz, apesar de ser uma pequena “aberração” no mundo dos manjericos se o compararmos com os que são comercializados, todos redondinhos e perfeitos.

Quando o observo vejo-o como um verdadeiro sobrevivente. Não morreu no Outono como seria expectável e resolveu crescer e dar flor no Inverno. Perante isto, e sendo o seu futuro uma incógnita, são vários os pensamentos que me surgem:

–  será a sua actual vitalidade uma forma de agradecimento por o termos tirado do lixo e de uma morte precoce?

– foram os eficientes “cuidados intensivos” que teve que o impediram de morrer totalmente no Outono e contrariar as leis da natureza?

– serão as evidentes alterações climáticas e esta irregular mistura de estações do ano que permitiram a sua sobrevivência?

– ?

Talvez a resposta seja um pouco de todas estas hipóteses. Ou talvez não.

O que eu sei é que o seu trajecto simboliza esperança, continuidade, força, vida e futuro, ideias a que sempre associamos a Primavera, a estação do ano que hoje começou neste hemisfério norte às 03h 07m da madrugada.

É com a partilha da história deste manjerico lutador e cheio de vontade de viver que desejo a todos uma boa Primavera. A todos vós e muito especialmente a este mundo.

(E desejo um bom Outono a todos aqueles que o hoje o receberam!)

A segunda imagem foi retirada de 
https://www.publico.pt/2022/06/11/azul/noticia/onde-vem-manjerico-tornou-simbolo-santos-populares-2009635#&gid=1&pid=1

relógios sem tempo

Em Maio de 2022 publiquei um post sobre a Erva-relógio ou Agulheira-moscada (Erodium moschatum), uma planta cujas características sempre me fazem recuar no tempo….voltar à infância… e à brincadeira que ela então desencadeava.

Recentemente num passeio pelo campo encontrei uma grande área com esta espécie vegetal. Creio que foi a primeira vez em que as vi em tanta quantidade e concentração. Sendo muitas e em diferentes fases de desenvolvimento, foi possível fotografá-las em vários estádios de maturação.

Assim, se a imagem acima mostra sobretudo a área onde as encontrei, nas duas que se seguem dá para perceber que ao lado de muitas ainda verdes ou em floração (flores lilás), estavam outras com as sementes bem maduras ou já sem elas.

Nas duas fotos que se seguem as sementes estão prestes a sair, precisamente naquela fase em que normalmente as apanhávamos a fim de as colocar na nossa roupa e assistirmos ao movimento de rotação que sempre acontece quando a ponta da semente fica livre. Ao espetarmos a base na roupa, era a ponta mais fina que enrolava. Isso era lindo e mágico !

Por último, aquela que é de longe a imagem mais interessante deste conjunto por mostrar algo que eu nunca observara: uma série de sementes ainda agarradas à planta-mãe pela extremidade mais fina, estando esse movimento de rotação a ser feito pelo lado que tem a semente. E o mais engraçado é que algumas ainda rodavam, mesmo que muito devagar, o que significa que a separação era recente.

Depois de soltas ficariam naquele solo ou, por serem muito leves, voariam naturalmente com o vento.

Cheguei então à conclusão que nunca tinha olhado verdadeiramente para a erva-relógio em toda a sua plenitude e dinâmica. Em criança, o único objectivo era retirar as sementes da planta e observá-la fora do seu contexto pois, só assim, pensávamos nós, poderíamos apreciar o movimento daqueles ponteiros mágicos que a natureza oferecia. Afinal estava errada, pois o processo também decorre na planta, só que pelo lado oposto.

Estamos sempre a aprender!

Uma boa semana para todos!🤗

voltando ao pi………..

No meu dicionário de português as palavras iniciadas por “Pi” ocupam cerca de dezasseis páginas entre substantivos/nomes, adjectivos, verbos, advérbios, etc., todas com um significado mais ou menos objectivo e por nós compreensível.

A excepção será a palavra “Pi”, a primeiríssima dessa lista e de todas a mais desafiadora, pelo menos para mim. Aliás, até já lhe dediquei um poema faz hoje precisamente cinco anos, no chamado “Dia do Pi” que hoje também se comemora.

Como a maioria de nós saberá, “Pi” é o nome masculino que é dado à letra grega π, e aquele símbolo que em matemática indica o número que resulta da relação entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência.

Ela será a mais pequena palavra dessas dezasseis páginas do dicionário… mas curiosamente consegue ser a maior e aquela que viaja e viaja por aí, já que poderíamos levar a nossa vida a “saltitar” sobre cada um dos seus números… um a seguir ao outro…e nunca veríamos o seu final. O nosso fim chegaria, mas o final do 3,14159265358979323846……nunca passaria de uma miragem.

Definitivamente, gosto do “Pi”. E gosto porque sempre me faz pensar… porque na sua essência está associado à forma geométrica que mais me atrai (o círculo)…e ainda pela ideia de imensidão ou de infinita dimensão que nunca o larga.

Vejo-o como uma inócua ponte incompreensível que, a par de outros detalhes, facilmente me levam a “fugir” deste incompreensível planeta que habito/habitamos.

(uma vez que o desenho que fiz para o post de 2019 transmite bem o meu sentir, volto hoje a partilhá-lo)